quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CRER EM DEUS NÃO É CURTIR A VIDA???

Propaganda atéia britânica afirmou que já que Deus não existe podemos curtir a vida sem preocupação

Em de janeiro de 2009 uma campanha publicitária da British Humanist Association (Associação Humanista Britânica) espalhou cartazes em 800 ônibus na Grã-Bretanha (600 só em Londres) com a seguinte sentença: “There’s probably no God. Now stop worrying and enjoy your life” ("Deus provavelmente não existe. Agora, pare de se preocupar e aproveite a vida."). A palavra “provavelmente” não existia no texto original. Foi acrescida por força da legislação inglesa para evitar ofender aqueles que creem em Deus. A iniciativa da campanha partiu da roteirista de comédias Ariane Sherine, quando em junho do ano passado, ao ver um anúncio num ônibus em Londres com apenas uma passagem da Bíblia e o endereço de um site cristão, resolveu conferir o conteúdo da página eletrônica. Sherine ficou incomodada quando leu no site evangélico que "quem rejeita o nome de Jesus passará toda a eternidade em tormento no inferno”. Atéia, a escritora deu início a Campanha Ateísta em Ônibus que tem como objetivo disseminar a mensagem ateísta em contraposta à mensagem teísta. A Associação Humanista Britânica, que abraça uma filosofia humanista baseada na razão, arrecadou fundos e financiou a campanha que tem previsão para durar até abril.
O cientista e autor de livros Richard Dawkins, em frente a ônibus com anúncio ateísta
O cientista ateu Richard Dawkins em frente a ônibus com a campanha ateísta.
O que me chamou mais atenção na proposta da campanha ateísta é que ela associa a crença em Deus à falta de curtição da vida. É justamente o contrário da perspectiva bíblica sobre Deus e o relacionamento com ele. A Bíblia associa a se viver na presença de Deus como algo prazeroso: “tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente.” (Salmo 16.11). Verdade é que há pessoas que espiritualizam a tal ponto alegria cristã encerrando-a no mundo vindouro. Mas não é isso o que a Bíblia diz. Ainda que a felicidade cristã venha atingir sua plenitude no mundo vindouro e a vida presente tenha suas contradições e conflitos, a Bíblia nos faz o seguinte convite: “vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras. Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça. Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu debaixo do sol; porque esta é a tua porção nesta vida pelo trabalho com que te afadigaste debaixo do sol. Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Eclesiastes 9.7-10). 
O Rei Salomão (ilustração a partir do original de Gustave Doré, 1832-1883)
Salomão, autor do livro do Eclesiastes, fala de uma perspectiva terrena sem ter ainda a revelação e perspectiva cristã de uma era vindoura; mesmo assim ele insiste que essa vida que deve ser curtida na terra deve ser vivida sob a ótica de Deus: “alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas. Afasta, pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor, porque a juventude e a primavera da vida são vaidade. Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: não tenho neles prazer” (Eclesiastes 11.9-10;12.1). Tendo em vista que “ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém” (Salmo 24.1a) usufruamos com responsabilidade das dádivas do Criador, o qual “tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento” (1Timóteo 6.17b). A Bíblia ainda afirma que “toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tiago 1.17). Portanto, devemos servir “uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pedro 4.10).
Apóstolo Pedro por El Greco (15-4-1614)
A Bíblia não nos promete uma vida sem problemas e sofrimentos: “ainda que o homem viva muitos anos, regozije-se em todos eles; contudo, deve lembrar-se de que há dias de trevas, porque serão muitos. Tudo quanto sucede é vaidade” (Eclesiastes 11.8). No entanto, temos de Jesus a seguinte promessa: “no mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (João 16.33b). Jesus não veio reformar o judaísmo nem trazer uma nova religião; disse ele: “eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10.10b). Essa vida, é claro, não é restrita apenas a satisfação pessoal na terra tendo sua plenitude no mundo vindouro onde Deus “enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Apocalipse 21.4).
Jesus Cristo  por El Greco
A vida cristã vivida sob o discipulado de Cristo exigirá de nós a negação de si mesmo, mas quem essa vida experimenta pode dizer como Pedro: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” (João 6.68b). Sendo assim podemos usar o slogan da Associação Humanista Britânica ligeira, mas essencialmente, modificado: “Deus provavelmente existe. Agora, pare de se preocupar e aproveite a vida”. Evidentemente, Deus não é uma probabilidade: Ele é verdadeiramente a única certeza de uma vida com significado e propósito.


REFERÊNCIAS:

“Grupo comunica ateísmo a britânicos com anúncios em 800 ônibus”. Matéria publicada no Folha On Line disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u487153.shtml

“Ateus, graças a Deus”. Reportagem de Maíra Magro disponível em: http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2046/ateus-gracas-a-deus-conflitos-de-cunho-religioso-e-pressao-123913-1.htm

“Ateístas britânicos em delírio”. Reportagem de Elben L. César disponível em: http://www.ultimato.com.br/?pg=show_conteudo&util=1&categoria=1®istro=961

* Artigo inicialmente publicado no portal do Projeto Vida Nova

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