segunda-feira, 30 de julho de 2007

BÍBLIA: Verdade ou Mentira XIV

Tiradentes Judeu?

A matéria mostra sua incompreensão da pessoa de Jesus Cristo ao afirmar que ao entrar em Jerusalém montado em um jumento (cumprindo assim a profecia de Zacarias 9.9), Jesus queria provocar aos sacerdotes e a elite judaica (p.48). Evidentemente que Jesus não concordava com a corrupção político-religiosa da elite judaica de então e nem com a opressão romana, mas o maior motivo do agir de Jesus não era sua revolta contra o sistema, e sim, cumprir o que estava escrito a seu respeito (Mateus 21.4,5), ou seja, cumprir a vontade de Deus. A matéria só consegue enxergar Jesus como um judeu religioso revoltado contra o sistema, e que foi até às últimas conseqüências para manifestar a sua indignação. Na concepção da matéria, Jesus seria apenas um Tiradentes judeu.A matéria menciona que "existem provas da denúncia de Caifás a Pilatos. Estudiosos judeus afirmam, porém, que o julgamento perante o Sinédrio jamais ocorreu porque o Sinédrio não se reunia durante a Páscoa. Essa versão teria sido incluída tardiamente na Bíblia após a ruptura definitiva entre cristãos e judeus. Jesus foi morto pelos romanos porque era considerado um agitador político"(p.48). Ou seja, Jesus foi, na realidade, morto pelos romanos; os cristãos, depois que romperam com os judeus, é que inventaram o julgamento do Sinédrio. Estas afirmativas ignoram que:
1. Embora o Sinédrio não costumasse se reunir na Páscoa, isto não impede que, em virtude de um caso excepcional, ele não poderia se reunir nesta época. O Sinédrio tinha urgência em prender e condenar Jesus (Mateus 26.3-5).Os Evangelhos falam que Jesus foi julgado pelo Sinédrio durante a noite, coisa que o Sinédrio também não fazia. Isto mostra a urgência que eles tinham em condenar Jesus, se possível, antes da Páscoa;
2. "Esta versão", como diz a matéria, não pode ter sido incluída tardiamente na Bíblia, pois ela é tão antiga quanto os Evangelhos, os quais foram escritos quando ainda havia testemunhas oculares dos fatos narrados. Não existem nos manuscritos originais evidências da inclusão desta "versão". A Bíblia, ao contrário do que muita gente pensa, não ficou à mercê de nenhuma igreja que incluía o que lhe agradava, e excluía o que lhe desagradava; até porque, a igreja não contava com unidade e influência suficientes para conseguir uma intervenção tão uniforme no texto bíblico. Prova disto são os milhares de manuscritos antigos existentes da Bíblia produzidos por vários grupos diferentes, em vários lugares e em épocas diferentes, e que variam no conteúdo dos livros bíblicos. Se tivesse uma igreja controlando tudo não haveria esta variação;
3. Jesus só foi morto pelos romanos por que o clero judaico o quis (Mateus 27.1,2).A opinião de Roma, expressa pela pessoa do governador Pôncio Pilatos, a respeito de Jesus é a seguinte: "Então, reunindo Pilatos os principais sacerdotes, as autoridades e o povo, disse-lhes: Apresentastes-me este homem como agitador do povo; mas, tendo-o interrogado na vossa presença, nada verifiquei contra ele do crime de que o acusais. Nem tampouco Herodes, pois no-lo tornou a enviar. É, pois, claro que nada contra ele se verificou digno de morte. Portanto, após castigá-lo, soltá-lo-ei", Lucas 23. 13-16. Os judeus de então, instigados pelo clero, é que forçaram a Pilatos a crucificar Jesus. Portanto, o governo romano serviu como "braço", enquanto o Sinédrio foi a "mente" que executou Jesus; evidentemente isto não diminue a responsabilidade de Pilatos.

Ufa! Pelo menos Uma!!!
Não podemos deixar de mencionar que a matéria de Vinícius Romanini, apesar de ser mais tendenciosa do que científica, ilustra bem, nas páginas 48 a 50, o cenário em que se deu a vida terrena de Jesus, permitindo-nos conhecer um pouco mais sobre a vida do Mestre.

Imagens:
1ª: Pilatos apresentando Jesus a multidão após açoitá-lo e dizendo "Eis o homem"(Jo 19.5)foi retratado por inúmeros artistas através dos tempos. Tal retratação é conhecida pela tradução latina "Ecce homo". Aqui temos o "Ecce Homo" de Antonio Ciseri (1821-1891)exposto na galeria de arte moderna de Florença, Itália.
2ª: Jesus diante do Sinédrio de William Hole (1906). Fonte:http://hancaquam.blogspot.com/2008/04/listen-god-so-loved-world.html
3ª: Representação de um chicote romano (flagellum) do tipo do qual Jesus foi açoitado.Fonte:www.bible-history.com