sábado, 28 de julho de 2007

BÍBLIA: Verdade ou Mentira II


Enchente ou Dilúvio???

A matéria de Vinícius Romanini diz que "ruínas achadas no Mar Negro, próximo da Turquia, mostram que houve uma enchente catastrófica por volta de 5600 a .C. O nível do Mar Mediterrâneo subiu e irrompeu pelo Estreito de Bósforo, inundando a planície onde hoje está localizado o Mar Negro. Na época, a região era uma planície de terras férteis com um lago. Sobreviventes dessa catástrofe migraram para a Mesopotâmia. Assim teria surgido a história do dilúvio no texto sumério de Gilgamesh. Os hebreus conheceram a história quando estiveram cativos na Babilônia" (p. 44). Esse e outros trechos da matéria concluem que o relato do dilúvio contido no livro bíblico de Gênesis na realidade teria sido adaptado pelos escribas judeus da lenda sumério-babilônica de Gilgamesh (que teria sobrevivido a um dilúvio enviado pelos deuses) para dar um sentido teológico ao cativeiro dos judeus na Babilônia, e dar-lhes uma mensagem de esperança. Primeiramente, é bom observar que a própria matéria diz que essa teoria da enchente do Mediterrâneo "foi recebida por arqueólogos e antropólogos como fantástica demais para ser verdadeira"(p. 43). Além disso, os hebreus já tinham contato com a Mesopotâmia muito tempo antes do Exílio, e já deveriam conhecer a lenda de Gilgamesh antes de irem para a Babilônia, e não durante o exílio como firma a matéria. É verdade que existe muitas semelhanças entre o dilúvio relatado em Gênesis e a lenda de Gilgamesh, mas isso não quer dizer que os hebreus teriam copiado dos mesopotâmicos, pois existem também grandes diferenças nos relatos, tanto em detalhes, como em teologia, ideologia e estilo literário. É mais lógico entender que ambos os relatos surgiram independentes, mas baseados numa mesma catástrofe que teria ocorrido num passado remoto.
A revista cita cientistas que vêem o dilúvio como localizado apenas na Mesopotâmia e abrangendo apenas os povos residentes no Oriente Próximo. Mas como se explica que povos tão distantes da Mesopotâmia como a primitiva tribo dos quurai na Austrália, os habitantes das ilhas Fiji, os aborígines da Polinésia, Nova Guiné, Nova Zelândia, os antigos celtas do País de Gales, tribos do Lago Caudie no Sudão, os hotentotes, algumas tribos no Brasil, entre outros povos (gregos, hindus, chineses, etc.) tenham uma tradição comum de um dilúvio de proporções universais que teria eliminado a raça humana, a não ser uns poucos sobreviventes? Embora essa tradição varie em detalhes de povo para povo, todas têm um esboço comum: A raça humana teria sido destruída por um grande dilúvio causado pelo desagrado divino em face do pecado humano, e que um homem com sua família e alguns amigos, teriam sido salvos por meio de um barco ou instrumento semelhante ou um alto monte ( seria o Ararate? Ver Gênesis 8.4) e que deles teria recomeçado a história humana. Vê-se, portanto, que algo de catastrófico aconteceu no passado da Humanidade, e não apenas uma enchente local na Mesopotâmia ou no Mar Negro.[2]
A questão das evidências geológicas é muito debatida entre os cientistas, de acordo com a posição que assumem quanto à validade do registro bíblico. Certos geólogos cristãos acham que alguns dos maiores distúrbios sismológicos indicados em várias partes do Globo, nos níveis cenozóicos, explicam-se melhor como tendo origem no Dilúvio (cf. Gn 7.11: "... Nesse dia romperam-se to­das as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus se abriram"). Algumas camadas contêm grandes blocos de argila saibrosa, no meio de areia grossa, o que se pode plausivelmente atribuir a violentos mo­vimentos ondulares de água em agi­tação, algo que nunca se viu em nos­sa época. Mas é possível que as evi­dências mais impressionantes da violência do Dilúvio por toda a Ter­ra encontram-se na espantosa pro­fusão de animais (mamutes, ursos, lobos, bois, hienas, rinocerontes e muitos mamíferos de menor porte) da era Quater­nária, ou recente, cujos ossos teri­am sido violentamente estraça­lhados, e foram descobertos em fen­das ossíferas, escavadas em várias localidades (até mesmo em montanhas de grande altitude) da Europa e da Améri­ca do Norte. Essas evidências geológicas têm importância decisiva, embora raramente sejam mencionadas pelos ci­entistas que rejeitam a exatidão das Escrituras. Tudo isso é exatamente o tipo de prova que um episódio curto, mas violento, de dilúvio universal deixaria, após uma ação temporária de mais ou menos um ano[3]. Sendo assim, também pode-se concluir que o dilúvio teve um âmbito universal e não apenas local (Mesopotâmia) com advogam alguns pesquisadores.
Essas evidências favorecem o relato do Gênesis, onde Noé e sua família são apresentados como antepassados não só dos hebreus, mas de toda a raça humana subseqüente, com suas diversas etnias. Isto explica como povos tão distantes uns dos outros mantém uma tradição comum, isto é, descendem de uma única família que, ao espalhar-se pelo mundo, foi preservando e adaptando o terrível incidente do passado. Para aqueles que crêem que a Bíblia é a Palavra de Deus o relato do Gênesis é o que preserva a verdade dos fatos.

Notas
* Na imagem acima, tablete contendo o épico de Gilgamesh. Disponível em:www.bible-history.com/babylonia/tab_gilgamesh.gif . no meio detalhe do afresco da Capela Sistina pintado por Michelangelo retratando o dilúvio. Disponível em:http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Deluge_detail.jpg

[2]ARCHER Jr., Gleason. Merece Confiança o Antigo Testamento? 2.ed. São Paulo: Editora Vida Nova,1986, p. 229-230, 233-234.
[3]ARCHER Jr., Gleason. Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas. São Paulo: Editora Vida, 1997, p.88-91.