sábado, 1 de maio de 2010

PARABÉNS, TRABALHADOR!!!

Primeiro de maio não foi escolhido por acaso para se comemorar o Dia do Trabalhador. Antes da era industrial, por incrível que pareça, atividade profissional não abarcava tantas horas como hoje; os escravos e camponeses trabalhavam, geralmente, entre 4 ou 5 horas por dia. Os camponeses ficavam sem atividade durante muitos meses do ano, onde esse tempo livre era preenchido com festas religiosas.
No fim do século XVIII veio a industrialização do trabalho, trazendo as máquinas e a necessidade de muita mão-de-obra para operá-las. O tempo de trabalho intensificou-se, a ponto de se chegar até quinze horas de trabalho por dia! E não descriminava ninguém: velhos, mulheres, crianças; todos em condições de produzir eram empregados. Com o tempo o trabalho deixou de ser parte da vida do homem e a vida do homem passou a ser parte do trabalho. Condições deploráveis de exploração imperavam sobre sociedade trabalhadora.
Em 1º de maio de 1886, os trabalhadores de muitas cidades norte-americanas, fizeram manifestações públicas. Em Chicago, milhares deles foram para a rua, exigindo uma jornada de oito horas de trabalho por dia. No dia 4 de maio, durante novas manifestações, uma explosão serviu de pretexto para a repressão violenta que se seguiu, provocando mais de 100 mortes e a prisão de muitos trabalhadores. Estes trabalhadores ficaram conhecidos como os "Mártires de Chicago", e o episódio se tornou o marco da luta por melhores condições de trabalho em todo o mundo. Com o passar dos anos, a comunidade trabalhadora internacional consagrou o dia inicial da manifestação como o Dia do Trabalhador.

Ilustração do 1º de maio em Chicago

O 1º de maio nos faz refletir sobre uma série de coisas: o trabalho é uma benção ou é uma maldição? Muitas pessoas supõem que o trabalho é uma maldição imposta por Deus como castigo ao pecado de Adão (Gênesis 3.17-19); porém, Adão já trabalhava como “jardineiro” no Éden antes de pecar (Gênesis 2.15). A maldição ligada ao trabalho não é o trabalho em si, mas o resultado frustrante do labor do homem afastado da comunhão com Deus. Alguns pensam que a vida na era vindoura será só descanso... Mas a Bíblia diz que na vida nos novos Céus e Terra haverá trabalho, pois “seus servos o servirão” (Apocalipse 22.4). Talvez muita gente não queira ir para o Céu ao ler estas palavras... Muitos preguiçosos concordam com a frase satírica do Barão de Itataré: “Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer”. Só que esquecem que o primeiro trabalhador foi Deus, criador de tudo. “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”, disse Jesus (João 5.17). Para sermos semelhantes ao Pai temos que ser trabalhadores (Mateus 5.48).
A Bíblia condena a preguiça e a ociosidade: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma”, 2Tessalonicenses 3.10b. Então trabalhemos.

Adão dando nome aos animais numa tapeçaria italiana da Renascença

Porém, qual é o lugar que o trabalho ocupa na vida do homem? O sociólogo Domenico de Masi descreve muito bem nossa época: “prisioneiro do ativismo profissional, ele [o homem] descuida de si mesmo e dos cuidados que precisa, sacrifica tudo ao sucesso e não para nunca um instante para fazer esses cálculos simples[1], com medo de admitir que o trabalho, cada vez mais residual na perspectiva cronológica, se torne também residual na perspectiva existencial”[2]. O homem para preencher sua existência se lança num ativismo que sacrifica os verdadeiros valores da vida. Reivindiquemos melhores salários, melhores condições de trabalho, uma justa aposentadoria; mas jamais esqueçamos que trabalho não é tudo. Abaixo, retrato do rei Salomão na época em que escreveu o Eclesiastes: após anos de trabalho e prazeres, ele conclui que o sentido da vida é temer a Deus e guardar seus mandamentos.


A Bíblia nos ordena não apenas trabalhar, mas como trabalhar, nos orientando trabalharmos como se o fizéssemos para Deus e não para os homens, e assim teremos recompensa (Efésios 6.6-8). Nos orienta a buscarmos em primeiro lugar o reino de Deus (o que não é ausência de trabalho) e as nossas necessidades básicas seriam atendidas.  O livro do Eclesiastes tem muito a nos dizer sobre a realidade da vida profissional:
“O que mais tem o homem de todo o seu trabalho, e da fadiga do seu coração, em que ele anda trabalhando debaixo do sol? Todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é desgosto; até de noite não descansa o seu coração. Isto também é vaidade. Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze do bem do seu trabalho. Vi que isto também vem da mão de Deus”, (2.22-24). “Melhor é um punhado com descanso do que ambas as mãos cheias com trabalho e aflição de espírito”, (4.6).
É assim que temos que comemorar o Dia do Trabalhador, entendendo que precisamos melhorar as condições trabalhistas, mas com a vida centralizada em Deus, o Grande Trabalhador, para não perdermos a finalidade da vida. Aprendamos com Colossenses 4.22-24:

“Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência como para agradar a homens, mas em simplicidade de coração temendo a Deus. E tudo o que fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor a recompensa da herança.É a Cristo, o Senhor, que estais servindo.”

Então, 1º de maio de faz pensar nas seguintes conclusões:
- Devemos trabalhar. Isto é a vontade de Deus;
- A preguiça é pecado;
- O fato de termos que trabalhar não deve ser desculpa para negligenciarmos nossa vida espiritual. Devemos buscar primeiramente o Reino;
- Buscar em primeiro lugar o Reino não é viver “infurnado” dentro da igreja, negligenciando as responsabilidades da vida;
- Só Jesus Cristo dá sentido ao nosso trabalho. Devemos exercer qualquer atividade, por mais simples que seja, como se fosse para Deus. Desta forma o trabalho não é um fardo, e sim uma benção.
Viva o Dia do Trabalhador!!!
Parabéns p’ra você trabalhador!!!
Você, trabalhador, que no momento está desempregado, persevere, “corra atrás”, peça a Deus, que com certeza o Pai vai lhe abrir uma “porta”
Parabéns, a ti, ó Deus, pois és o primeiro e principal Trabalhador
Graça e Paz!!!

[1] O autor calculou 60 anos em horas e concluiu que mesmo que trabalhássemos todos os dias nesse período ainda sobrariam muitas horas para a família, o lazer, etc.

[2] MASI, Domenico. O Futuro do Trabalho: fadiga e ócio na sociedade pós-industrial. José Olímpio Editora e Editora da Unb, 2000, p.12

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