tag:blogger.com,1999:blog-70124399543253868492024-03-05T12:15:47.167-03:00CONSIDERAÇÕES BÍBLICASExposição de pensamentos de cunho bíblico,teológico e histórico Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.comBlogger50125tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-92129064568602253742016-08-15T14:55:00.000-03:002016-08-15T15:33:31.781-03:00A PREGAÇÃO APOSTÓLICA E PÓS-APOSTÓLICA<div style="text-align: justify;">
<b>O Período Apostólico</b><br />
Não raramente que aqueles que estudam História de Pregação apontam as cartas apostólicas no Novo Testamento como exemplos de homilética apostólica. Enquanto estas epístolas, sem dúvida, dão a forma em que os apóstolos expunham os fundamentos da Fé Cristã, deve se ressaltar que o contido nelas se trata de pregação e não de sermão. O estilo epistolar governa todos os documentos. Esta posição deve ser mantida, apesar da postura
de teólogos de índole liberal terem como
duvidosos os destinatários indicados nas epístolas sugerindo que essas seriam
pregação oral posta por escrito em gênero epistolar. Mas, como não há
comprovação dessas hipóteses (como sucede com muitas das ideias liberais de um
modo geral por mais verniz acadêmico que tenham), os estudiosos da pregação no
Novo Testamento preferem se dedicar as pregações contidas no livro de Atos dos
Apóstolos por serem o registro da proclamação oral, o mais próximo que temos de um sermão, no Novo Testamento. Porém, a que se considerar que as pregações registradas em Atos não correspondem literalmente as pregações orais dos Apóstolos, mas a redação que Lucas, autor de Atos, deu a elas. Todavia é de se notar que essas pregações tem claramente o caráter de sermão, conforme indicado por escritos pós-apostólicos, e sermão do tipo missionário, feito de acordo com o público ao qual é dirigido. Se eventualmente não são uma transcrição literal<i> </i>dos discursos de Pedro e Paulo correspondem ao copidesque fiel da pregação deles conforme se sabe por outros textos neotestamentários e pela literatura patrística. É bom sempre lembrar que Lucas compôs seus escritos (o Evangelho e Atos) após acurada pesquisa com ministros da Palavra e testemunhas oculares (Lucas 1. 1-3; Atos 1.1ss).<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img src="http://www.swartzentrover.com/cotor/bible/Dore/doreNT/NT-225.jpg" height="640" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="480" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Os Apóstolos pregando o Evangelho no traço clássico de Gustave Doré</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<b>Resumo da Pregação Apostólica</b><br />
O conteúdo do que os apóstolos e primeiros cristãos pregavam pode ser traçado pelos escritos do Novo Testamento:<br />
<br />
<ul>
<li style="text-align: justify;">As promessas de Deus feitas no Antigo Testamento já foram cumpridas com a vinda de Jesus, o Messias (Atos 2.30; 3.19, 24, 10.43; 26.6, 7, 22; Romanos 1.2-4; 1 Timóteo 3.16; Hebreus 1. 1-2 ; 1 Pedro 1. 10-12; 2 Pedro 1. 18,19); </li>
<li style="text-align: justify;">Jesus foi ungido por Deus em seu batismo como Messias (Atos 10.38);
Jesus começou o seu ministério na Galileia depois de seu batismo (Atos 10.37); </li>
<li style="text-align: justify;">Ele realizou um ministério libertador, fazendo o bem e realizando grandes obras pelo poder de Deus (Marcos 10.45; Atos 2.22; 10.38);</li>
<li style="text-align: justify;">O Messias foi crucificado de acordo com o propósito de Deus (Marcos 10,45; João 3.16; Atos 2.23; 3. 13-15, 18; 4.11; 10.39; 26.23; Romanos 8.34 ; 1 Coríntios 1. 17-18; 15.3; Gálatas 1. 4; Hebreus 1.3; 1 Pedro 1.2, 19; 3.18; 1 Jo 4,10);</li>
<li style="text-align: justify;"> Ele foi ressuscitado dentre os mortos e apareceu aos seus discípulos (Atos 2.24, 31,32; 3.15, 26; 10. 40,41; 17.31; 26.23; Ro 8.34; 10. 9; 1Coríntios 15. 4;7, 12; 1 Tessalonicenses 1.10; 1 Timóteo 3.16; 1 Pedro 1. 2, 21; 3.18, 21);</li>
<li style="text-align: justify;"> Jesus foi exaltado por Deus e dado o nome de "Senhor" (Atos 2. 25;29, 33-36; 3.13; 10.36; Romanos 8.34; 10. 9; 1 Timóteo 3.16; Hebreus 1. 3 ; 1 Pedro 3.22);</li>
<li style="text-align: justify;">Ele concedeu o Espírito Santo para formar a nova comunidade de Deus (Atos 1. 8; 2. 14;18, 33, 38-39; 10. 44-47; 1 Pedro 1.12);</li>
<li style="text-align: justify;"> Ele voltará para o julgamento e a restauração de todas as coisas (Atos 3. 20;21; 10.42; 17.31; 1Co 15. 20-28; 1 Tessalonicenses 1.10).;</li>
<li style="text-align: justify;">Todos os que ouvirem a mensagem devem se arrepender e ser batizados (Atos 2.21, 38; 3.19; 10.43, 47;48; 17.30; 26.20; Romanos 1.17, 10. 9; 1Pedro 3. 21).</li>
</ul>
<div style="text-align: justify;">
A forma em que essa proclamação (<i>kerygma</i>) é passada para os convertidos não é o sermão expositivo que hoje conhecemos, mas o enunciado fraterno (como sinaliza E. C. Dargan) feito principalmente nos lares, onde os primeiros cristãos se reuniam para ser discipulados e adorar ao Senhor (Atos 5.42).</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img src="http://www.swartzentrover.com/cotor/bible/Dore/doreNT/NT-230.jpg" height="640" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="472" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O apóstolo Pedro pregando na casa de Cornélio</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b>O Período Pós-Apostólico</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Para o período pós-apostólico, o testemunho de Justino Mártir (100-165) é de especial valor (1 Apologia, 67), mostrando que no primitivo culto cristão ocorria a leitura das Escrituras e que após isso se seguia uma exortação de caráter prático com base no texto bíblico lido. Alguns anos mais tarde, Tertuliano (155-240) em sua Apologia (cap. 39) testemunha semelhante prática e dá uma amostra da finalidade da pregação expositiva daqueles tempos: "<i>Com as Palavras Sagradas nós nutrimos a nossa fé, animamos a nossa esperança, fazemos a nossa confiança mais firme, e por inculcações de preceitos de Deus confirmamos bons hábitos</i>." Na 2 Epístola de Clemente, texto apócrifo do século II, que provavelmente se trata de uma homilia transcrita, encontramos o seguinte testemunho: "<i>Portanto, meus irmãos e irmãs, após a leitura das palavras do Deus da verdade, eu também li para vós uma exortação, a fim de que estejais atentos ao que foi escrito, para que ambos possam ser salvos, </i><i>vós e aquele que prega no meio de vós...</i>". O estudioso alemão A. Harnack (1851-1930) assinalou que na obra literária de Ireneu de Lião (130-202) há fragmentos de homilias cristãs envolvendo a polêmica com outros grupos ditos cristãos (gnósticos).<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c6/Good_shepherd_01_small.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"O Bom Pastor" pintura cristã do século III</td></tr>
</tbody></table>
<br />
REFERÊNNCIAS:<br />
<br />
https://www.ccel.org/s/schaff/encyc/encyc09/htm/iv.iv.xvi.htm<br />
http://www.earlychristianwritings.com/text/2clement-hoole.html<br />
https://en.wikipedia.org/wiki/Kerygma</div>
Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-6593008936310653062014-07-17T15:39:00.001-03:002016-08-13T14:39:02.704-03:00A IDOLATRIA É MAIS PERIGOSA DO QUE O ATEÍSMO!<div style="text-align: justify;">
Compartilho o um trecho do livro<i> Força Ética e Espiritual da Teologia da Libertação no Contexto Atual da Globalização</i> (pp. 71/72) do teólogo Pablo Richard e sua sagaz observação sobre a idolatria ser mais perigosa para a fé cristã do que o ateísmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"A tese fundamental pode ser resumida assim: o problema que desafia a fé dos cristãos não é o ateísmo, mas a idolatria. O problema não é a negação da existência de Deus, mas a perversão do sentido de Deus ou sua substituição por outros deuses. A pergunta não é: "Eu creio ou não em Deus?", mas "Em <i>qual</i> Deus eu creio?". A idolatria está intrinsecamente relacionada com a opressão (pessoal ou estrutural). Quando o sujeito opressor se identifica com Deus e oprime os demais em nome dele, então pode oprimir ilimitadamente e com consciência tranquila. Essa é a idolatria como perversão. A outra idolatria por substituição acontece quando se substitui Deus por outros deuses. Em ambos os casos, o sujeito humano transforma-se em objeto e os objetos, em sujeitos divinos. O sujeito divino é o ídolo (imagem pervertida de Deus ou substituição de Deus por outros deuses), e seus adoradores são seus objetos. A idolatria, portanto, é política e espiritualmente perigosa. É a raiz do pecado social e sua explicação última. Por isso, a tarefa teológica é menos demonstrar a existência de Deus e mais esclarecer onde ele está, como é e em qual Deus cremos. Os ídolos são sempre ídolos de morte; o Deus verdadeiro é o Deus da vida. Nesse tempo utilizamos muito a frase de santo Irineu: "<i>Gloria Dei vivens homo; gloria autem hominis visio Dei</i>"( a glória de Deus é o ser humano vivo; a glória do ser humano é a visão de Deus). A glória do ídolo, ao contrário, revela-se na morte do ser humano e na consciência tranquila do assassino. esses pensamentos teológicos tiveram sua repercussão política, pois, anteriormente, sempre se viu no "ateísmo" das "esquerdas" o grande inimigo da fé. Agora fica evidente que o inimigo da fé não era o ateísmo, mas a perversão idóltra do sistema opressor. O perigo para a Igreja não era o ateísmo dos militantes revolucionários, mas a corrupção religiosa e ética das classes dominantes"</div>
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjn65mnDtbUsZBSzkrcnI2gsZ3ef941LgLpgRl4SMc5-ZA2_ZYrhvreIYZwYoYNyi0VJLe-ZQjRQNn-WYJ8EU1u_qMGRg6eb8PmrAhaiEZHAgfmXm1Ut9KtJcvwofznHe1mKMYI4jmcePI/s1600/money-worshipping.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="235" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjn65mnDtbUsZBSzkrcnI2gsZ3ef941LgLpgRl4SMc5-ZA2_ZYrhvreIYZwYoYNyi0VJLe-ZQjRQNn-WYJ8EU1u_qMGRg6eb8PmrAhaiEZHAgfmXm1Ut9KtJcvwofznHe1mKMYI4jmcePI/s1600/money-worshipping.jpg" width="400" /></a></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-27488155152363615812014-07-17T14:35:00.002-03:002014-07-17T14:35:46.822-03:00"JESUS DE NAZARÉ" de José Comblin<div style="text-align: justify;">
"<i>Pretendemos meditar sobre a vida humana, simplesmente humana, de Jesus Cristo. Queremos abordar esse Jesus de Nazaré tal como os discípulos o conheceram e o compreenderam – ou não o compreenderam – quando caminhavam com ele pelas estradas da Galileia, percorrendo os povoados de Israel, quando ainda não o conheciam como Senhor e Filho de Deus. Desejamos ver esse Jesus tal como ele aparecia quando ainda não manifestava sua relação pessoal com Deus; quando, aos olhos dos discípulos, ele ainda era um homem, simplesmente homem.</i>"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Essa é a proposta de José Comblin (1923-2011) em sua obra <i>Jesus de Nazaré </i>(Paulus, 2010) que é a contribuição do padre belga e teólogo da libertação ao tema "Jesus Histórico". A obra divide-se em seis temas: No primeiro (O Homem) trata da família, formação e relacionamentos sociais Jesus. No segundo (Livre), trata do singular agir independente de Jesus que se faz servo de todos sem ser propriedade de ninguém. No terceiro (Irmão), Comblin trata do relacionamento de Jesus com os pecadores, estrangeiros, crianças, multidões, etc. Em O Pai (o quarto) trata do peculiar relacionamento de Jesus com Deus. O reino de Deus , tema central da mensagem de Cristo, é quinto tema (A Esperança). A obra finaliza como sexto tema (A Missão) que fala da missão de Jesus e a da Igreja que se lhe seguiu.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O livro é pequeno (120 pp.), mas traz um texto objetivo, direto, mas profundo da singularidade do homem Jesus de Nazaré. Embora leve em conta a pesquisa histórica sobre Jesus, Comblin não se perde em meandros acadêmicos e traz um inquieto e inquietante Jesus, a partir dos Evangelhos, que se constitui um desafio não de fé, mas sobretudo de vida.</div>
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<br /></div>
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<img alt="Jesus de Nazaré" height="400" src="http://www.paulus.com.br/loja/images/products/G/9788534932226.jpg" width="256" /></div>
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<br /></div>
Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-49592107067263392312014-07-17T13:34:00.001-03:002014-07-17T14:07:01.469-03:00"FORÇA ÉTICA E ESPIRITUAL DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO NO CONTEXTO ATUAL DA GLOBALIZAÇÃO"<div style="text-align: justify;">
<i>Força Ética e Espiritual da Teologia da Libertação No Contexto Atual da Globalização</i> (Paulinas, 2006) do teólogo católico Pablo Richard (1936 - ) traz um resumo da história da Teologia da Libertação, suas referências, seus temas, dilemas e propostas dentro do contexto de globalização. Reforça a tradicional opção preferencial pelos pobres e excluídos, propõe a reforma da Igreja Católica e do Cristianismo em geral a partir do Terceiro Mundo e denuncia o neoliberalismo globalizante como um grande inimigo da fé. </div>
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<br /></div>
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O livro se divide em três partes. Na primeira apresenta um um resumo da história da Teologia da Libertação ressaltando como marcos históricos e teóricos o Concílio Vaticano II (1962-1965) e as Conferências do Episcopado Latino-americano de Puebla (1968) e Medellín (1979). Esses eventos católicos, que tiveram reflexos no mundo protestante, esboçaram um pensar e um agir em favor dos pobres sem abrir mão da fé, da espiritualidade da evangelização. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na segunda parte, a perspectiva de um outro mundo em que seja possível que se estabeleçam os desafios atuais da Teologia da Libertação como a opção preferencial pelos pobres, a reforma estrutural e hierárquica da Igreja Católica visando que esta seja mais humana e libertadora, etc. </div>
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<br /></div>
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Na terceira parte, com base no Jesus "histórico" e na expansão inicial da Igreja tal como é narrada no Novo Testamento,apontam-se os fundamentos para uma reconstrução do Cristianismo. </div>
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<br /></div>
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Em muitas passagens, todavia, o texto é ingênuo e utópico, só condena o capitalismo privado sem denunciar a opressão do capitalismo de Estado (comunismo) e relativiza a pessoa de Jesus Cristo no diálogo interreligioso sobre o qual afirma que a pessoa humana deve ser o centro desse diálogo. </div>
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<br /></div>
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Não é preciso muito esforço para ver que autor quer pautar a vida, a teologia e a organização da Igreja Católica e do Cristianismo em geral pelas demandas "politicamente corretas" da chamada Esquerda. Essa agenda deve sim ser considerada e deve ser visto que os pobres, excluídos, marginalizados, etc. não são propriedades de uma ideologia nem de uma teologia. Levada às últimas consequências, a tese do livro leva-nos a pensar que o Cristianismo deveria ser mais uma ONG, só que religiosa, sem pretensões de crer numa revelação cabal de Deus em Jesus Cristo que serve de critério para avaliar qualquer doutrina e prática teológica, jurídica, política e ideológica. A singularidade de Cristo e suas consequências sempre será um tropeço para agradar um mundo plural. E ela também sempre será desafiará os cristãos a viverem à altura dessa singularidade, não só defendendo uma ortodoxia teológica, mas vivendo o amor ao próximo, ao marginalizado, ao excluído, lutando por cidadania, denunciando os pecados sociais, etc.</div>
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<br /></div>
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A leitura, não obstante, é agradável e estimula a reflexão e a ação. O autor tem um histórico de engajamento com o que defende não sendo mero teórico acadêmico. Isso dá muita força e vivacidade a seu texto. Ainda que se cale sobre a opressão socialista (o autor militou no movimento chileno Cristãos Pelo Socialismo), a conclamação que Richard faz para se lutar com fé e espiritualidade por um mundo melhor é válida e necessária.
O grande aprendizado está em que o maior desafio da fé cristã não é o ateísmo, mas a idolatria do mundo mercadológico e globalizado que diviniza coisas e coisifica o ser humano: "A espiritualidade da libertação não se defronta com o ateísmo, mas, fundamentalmente, com a idolatria" do lucro, do poder globalizado e do mercado." <br />
<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnfxHJEqo8yLv3D3R5cZGZdFtEraCKfoKpEpLddgatsdkXwse3oLExpXv1DwkdUABoP9cF-tKk7JqhHKTT1vpK5yJuehkn3Gvi0fXQI0ODE0FoPLtc6unpsvcRXXMnC_0E8eUh0miZJpc/s1600/10372578_777594238918041_1479037216296334738_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnfxHJEqo8yLv3D3R5cZGZdFtEraCKfoKpEpLddgatsdkXwse3oLExpXv1DwkdUABoP9cF-tKk7JqhHKTT1vpK5yJuehkn3Gvi0fXQI0ODE0FoPLtc6unpsvcRXXMnC_0E8eUh0miZJpc/s1600/10372578_777594238918041_1479037216296334738_n.jpg" height="400" width="270" /></a></div>
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Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-83357878554343477732014-03-10T10:44:00.003-03:002014-03-10T10:44:47.466-03:00RIO DE JANEIRO, PRIMÍCIAS DO BRASIL - EM TERRAS CARIOCAS SE DEU O PRIMERIO CULTO EVANGÉLICO NO PAÍS<div style="text-align: justify;">
O Protestantismo começou a ser implantado no Brasil em fins do século XIX; porém antes disso, durante as invasões francesa e holandesa, houve a celebração de cultos evangélicos. Dentre esses, o mais significativo foi o realizado em 10 de março de 1557 no Rio de Janeiro, pois foi o primeiro culto evangélico realizado no país e na América.
Após passarem alguns anos fazendo incursões pelo Brasil atrás de pau-brasil, os franceses resolvem estabelecer uma colônia nas terras brasileiras, sendo escolhido o Rio de Janeiro. Uma expedição comandada pelo vice-almirante Nicolas Durand de Villegaignon (1510-1571) chegou à Baía da Guanabara em novembro de 1555 e implantou uma colônia chamada França Antártica. O local escolhido foi a Ilha de Serigipe (hoje ilha de Villegaignon, próxima ao aeroporto Santos-Dumont).
Além de motivos econômicos, a França Antártica também teve motivos religiosos, pois os protestantes franceses queriam um lugar onde pudessem vivenciar livremente a sua fé, pois eram perseguidos na França. Simpático à Reforma Protestante, Villegaignon escreveu a João Calvino (1509-1564), o grande reformador de Genebra, solicitando o envio de colonos protestantes. </div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZB9IgjcOufxWh5CdWshwr-AaCTVyJjFgTvDm4mq9BPP7hZ0wdn98noJGQXq2509PqSZX6xlfZwyiVT-1kFvfJYIwpUpMRgZ7MBHRKaW-5pIp4eFuQiiJ9qQI7-1XfRSGeqsHA1uFffbU/s1600/Rio_1555_Fran%C3%A7a_Ant%C3%A1rtica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZB9IgjcOufxWh5CdWshwr-AaCTVyJjFgTvDm4mq9BPP7hZ0wdn98noJGQXq2509PqSZX6xlfZwyiVT-1kFvfJYIwpUpMRgZ7MBHRKaW-5pIp4eFuQiiJ9qQI7-1XfRSGeqsHA1uFffbU/s1600/Rio_1555_Fran%C3%A7a_Ant%C3%A1rtica.jpg" height="640" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mapa francês de 1555 retratando a baía da da Guanabara</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Foi enviado um grupo de evangélicos sob a liderança de dois pastores, Pierre Richier e Guillaume Chartier, que desembarcaram na ilha de Serigipe em 10 de março de 1557 onde celebraram o primeiro culto protestante no Brasil. No domingo, 21 de março, houve a primeira celebração da Santa Ceia. Nesse culto, Villegaignon renunciou formalmente ao Catolicismo.
O empreendimento foi abalado por uma das pragas que mais atacam a Igreja: a religiosidade. Jean Cointac, ex-noviço, criticou a forma improvisada com que os colonos celebravam a Santa Ceia, reclamando da falta de vestes litúrgicas, de vasos sagrados e de pão sem fermento. Os pastores Chartier e Richier declararam que as Escrituras não mencionavam estas coisas, e que pretendiam continuar celebrando a Ceia daquele jeito mesmo. A maioria dos colonos apoiou os pastores, mas Villegaignon defendeu Cointac, pois embora estes renunciassem formalmente ao Catolicismo, ainda criam no dogma católico da transubstanciação, segundo o qual os elementos - o pão e o vinho - transformam-se, literalmente, no corpo e no sangue de Cristo durante a eucaristia, o que contrariava a doutrina calvinista sobre a Santa Ceia. </div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdF0or7b144av5ohiE8GEbsK9pbAXi9kcU2bAHi8d9LRe-LFWuhYe0n7jgM5foBzi-T7mWa4xbHPcg5OjO8mmcizFwvB2FjzT7Ys9hsf1lH-ijvEjxZwkwTOUwFy7KQA_kbjBdHM-h2aM/s1600/800px-Primeira_Ceia_Protestante.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdF0or7b144av5ohiE8GEbsK9pbAXi9kcU2bAHi8d9LRe-LFWuhYe0n7jgM5foBzi-T7mWa4xbHPcg5OjO8mmcizFwvB2FjzT7Ys9hsf1lH-ijvEjxZwkwTOUwFy7KQA_kbjBdHM-h2aM/s1600/800px-Primeira_Ceia_Protestante.jpg" height="480" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="background-color: #f9f9f9; font-family: sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18.239999771118164px; text-align: start;">Escultura representativa da Primeira Ceia Protestante nas Américas, localizada na Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro, Brasil.</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
A discussão se acalorou, e o pastor Chartier foi enviado à França em busca de instruções. Villegaignon, voltando-se ao Catolicismo, proibiu aos reformados a celebração da Ceia, as pregações, as reuniões de oração e expulsou os colonos protestantes da ilha. No continente, os colonos entraram em contato direto os índios tupinambás, procurando-os evangelizar. Esse evento o primeiro contato missionário evangélico com um povo não-europeu.
Como a permanência dos colonos se tornou insustentável, o grupo expulso resolveu retornar à França a bordo de um navio que veio a naufragar. O navio foi salvo, mas cinco dos calvinistas acabaram voltando à ilha, onde foram aprisionados por Villegaignon. Este lhes apresentou uma série de questões teológicas exigindo uma resposta por escrito. Apesar das pressão, eles redigiram um documento conhecido como Confissão de Fé da Guanabara, onde se afirmava a fé evangélica calvinista e negava o Catolicismo. O texto completo da Confissão de Fé da Guanabara você encontra no seguinte link: http://www.monergismo.com/textos/credos/confissao_guanabara.htm.<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjseLS2zcmPw2YeaMuU7oirRk_iIMZal9J1HG8ILmZbTFrRVpOGQVL4mIkgFgUG7ZMEGnywW9iBGl4M9yswj5Y1IQgTzbnEjULWGiLudCOD3nfT-j4Hmx7hDT6eHDlJd-i-Z_08e2-Kbts/s1600/Escola_Naval.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjseLS2zcmPw2YeaMuU7oirRk_iIMZal9J1HG8ILmZbTFrRVpOGQVL4mIkgFgUG7ZMEGnywW9iBGl4M9yswj5Y1IQgTzbnEjULWGiLudCOD3nfT-j4Hmx7hDT6eHDlJd-i-Z_08e2-Kbts/s1600/Escola_Naval.jpeg" height="344" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Hoje na Ilha de Villegaignon onde foi celebrado o primeiro culto protestante das Américas funciona a Escola Naval</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Diante da recusa dos calvinistas em negar sua fé, Villegaignon condenou-os à morte. Três foram estrangulados e lançados ao mar, sendo os primeiros mártires do Brasil. Um foi poupado por ser o único alfaite da colônia e outro fugiu sendo morto mais tarde.
Por fim, em 1567, os franceses forma expulsos da Guanabara pelos portugueses.
Apesar de não ter logrado êxito, este empreendimento pioneiro serve de alerta para igreja brasileira moderna: devemos ter cuidado com o legalismo e a religiosidade. O episódio dos mártires calvinistas também inspiram a fé e a perseverança. Neles e cumpre o texto de Apocalipse 12.11: "<i>Eles o venceram
pelo sangue do Cordeiro
e pela palavra do testemunho
que deram;
diante da morte,
não amaram a própria vida.</i>" É interessante notar que se o protestantismo contou inicialmente com o apoio da Coroa francesa, quando essa, na pessoa de seu representante (Villegaignon), retirou o apoio e passou a perseguir os crentes reformados esses demonstraram com a vida que, embora contassem com o apoio do Estado, não estavam atrelados a ele a ponto de renunciarem sua fé no Evangelho. Que registre-se também, nossa homenagem às Igrejas Presbiterianas, herdeiras dessa fé convicta e desafiadora.</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-68587363282280426592013-08-03T20:48:00.000-03:002013-08-03T20:48:20.318-03:00COMPLEXO DE RÊMORA<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcprbTzLtaznypjhEAJQcSuPgwZkJ37N72YqjZR9c14BqpYooWYmGuOZ_xf0Q8JRuU2HgA7zdv2kL7yTRqpKRzNnTqq9aaKKvcO_3uIf5sOsWIU73lLADIbB1kHH0aiEOKTxixlXUViZM/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcprbTzLtaznypjhEAJQcSuPgwZkJ37N72YqjZR9c14BqpYooWYmGuOZ_xf0Q8JRuU2HgA7zdv2kL7yTRqpKRzNnTqq9aaKKvcO_3uIf5sOsWIU73lLADIbB1kHH0aiEOKTxixlXUViZM/s1600/images.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
Já reparou que debaixo dos tubarões aparecem pequenos peixinhos? São as rêmoras. A rêmora se agarra ao corpo do tubarão por uma nadadeira dorsal tipo uma ventosa. Além de ser transportada em segurança pelo tubarão, a rêmora se alimenta dos restos de sua alimentação.<br />
<br />
A questão é que existem rêmoras humanas em os setores da sociedade e triste é encontrá-los nas igrejas. As rêmoras eclesiásticas não têm a autoridade e imponência do tubarão eclesiástico. Mas, por causa do tubarão elas são temidas. Por causa do tubarão elas são respeitadas. Por causa do tubarão elas se sentem seguras em seu comportamento. Elas não têm poder e respeitabilidade em si mesmas, mas sim por que estão ligadas ao tubarão.<br />
<br />
E elas sabem disso.<br />
<br />
Por isso fazem de tudo para se manterem vinculadas ao tubarão seja pelo reforço dos laços de família (nepotismo), sejam por homenagens e referências excessivas (culto ao líder), palavras laudatórias incessantes (adulação ou puxassaquismo), denegrimento da imagem de possíveis concorrentes a rêmoras (ciúmes e inveja). Uma das características marcantes das rêmoras eclesiásticas é usar o nome do tubarão (muitas vezes sem ele saber) para alcançar seus objetivos e defender a honra e glória do tubarão a todo custo, mesmo da própria consciência para com Deus. Afinal de contas é necessário à rêmora estar apegada a um tubarão poderoso para que ela continue respeitavelmente temida e quiçá poderosa.<br />
Minha oração é que Deus me livre de ser uma rêmora. Tenho falhas, peco, sou muito limitado. Jamais na minha vida quero esse tipo de hipocrisia laureada com "autoridade espiritual" e reforçada por uma subserviência que estrangula a consciência.<br />
<br />
"Ninguém quer", pode-se perguntar.<br />
<br />
O problema é que o complexo de rêmora vem camuflado com submissão à autoridade eclesiástica e pelo pretenso agir em seu nome. Ou seja: vem camuflado de suposta espiritualidade e do chamado se "posicionar como você é em Deus". A má compreensão de nossa vocação nos leva a defender títulos e não a exercer o ministério. Daí pessoas adoecerem na alma por que não são chamadas pelos títulos ministeriais. Daí adoecerem se não forem honradas como liderança.<br />
<br />
O Pentateuco mostra como Moisés foi muito desonrado como liderança pelos homens, mas muito honrado por Deus. Por que então as carteiradas? Por que então o uso de um sobrenome? Deus não é suficiente para vindicar a autoridade que ele concedeu?<br />
<br />
Honrar quem nos preside (lidera) no Senhor é um mandamento bíblico (1Ts 5.12,13), uma experiência saudável que faz parta da vida cristã. Mas honrar pela “honra” de honrar, para seguir o preceito pós-modernista “Quem não é visto não é lembrado”, isso não tem nada a ver com a mensagem do Novo Testamento.
Porque Jesus falou o seguinte: "<i>Finalmente o reino dos céus é semelhante a uma rede, que foi lançada no mar, e apanhou peixes de toda a espécie. Depois de cheia, os pescadores puxaram-na para a praia; e sentados, puseram os bons em cestos, mas deitaram fora os ruins. Assim será no fim do mundo: sairão os anjos e separarão os maus dentre os justos, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá o choro e o ranger de dentes</i>." (Mateus 13:45-50, Tradução Brasileira).<br />
<br />
Eu quero ser encontrado como um peixe bom.</div>
Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-16968775243890752662013-05-13T00:37:00.004-03:002013-05-13T00:39:02.839-03:00A PARÁBOLA DO PAI COMPASSIVO<div style="text-align: justify;">
Há um texto no evangelho de Lucas (15:11-32) comumente chamado de Parábola do Filho Pródigo. Mas, uma reflexão do teólogo jesuíta Carlos Alberto Contieri nos comentários da agenda devocional <i>A Bíblia Dia a Dia 2013</i> (Edições Paulinas) me fez ter um olhar mais atento a essa clássica parábola sobre arrependimento. Não se trata do filho transviado que retorna ao lar paterno, mas se trata antes do coração compassivo e perdoador do pai. Como salienta Contieri: “<i>O protagonista da parábola é o pai, misericordioso e compassivo</i>.” O filho mais novo, depois de “torrar” a sua parte na herança do pai, só pensa em voltar para casa porque teve fome e vive mal. ”Na casa de meu pai”, pensa, “até os empregados vivem melhor do que eu”. Observa Contieri que “<i>tudo o que pensa dizer e dirá ao pai é meio para alcançar o que efetivamente queria: matar a fome</i>.” Realmente, ele não pensa: “O que fiz com meu pai foi errado” ou “Meu pai não merecia isso”. O amargor que estava passando é que o levara a repensar sua escolha. Tal situação o levara a pensar que pecara contra o Deus e seu pai e que não era digno de ser tratado como um filho (15:21). No texto Deus é referenciado pelo eufemismo “céu” corrente na linguagem judaica para se referir ao Senhor. A despeito de quaisquer motivos que tenham levado seu filho a retornar o pai o recebe. E o recebe como pai e não como patrão: “Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou” (15:20b). </div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img alt="James Tissot: The Prodigal Son in Modern Life: The Return (1882)" height="475" src="http://static.artbible.info/large/tissot_verlz1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="640" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: #fb5e53; line-height: 15px;">"</span><span style="background-color: white;"><span style="line-height: 15px;">O Filho Pródigo em Tempos Modernos: O Retorno" (1882) de James Tissot (1836-1902). </span><br style="line-height: 15px;" /><span style="line-height: 15px;">O pintor francês retrata o retorno do filho pródigo com roupas e ambiente de sua época (porto de Londres).</span></span></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
A compaixão do pai provocou uma reação de indignação no irmão mais velho, que nunca se desviara. Ele nunca torrara o dinheiro do pai. Ele sempre fizera tudo certinho. E agora seu irmão vacilão, pecador, volta e tem festa! Contieri nos diz que “<i>o filho mais velho é convidado a entrar no coração do pai, pois há mais alegria no céu por um pecador que se converte</i>” do que pelos que não precisam de conversão. O âmago da parábola não é o arrependimento do filho pródigo nem a insensibilidade do irmão mais velho. O âmago é a misericórdia de Deus que está acima dos nossos artifícios religiosos, dos nossos sentimentos confusos, do nosso legalismo. E quantos de nós não somos assim. Lembramo-nos do nosso pai somente nas aflições. Quantos de nós não chegamos até o Pai por que a aflição nos fez procurar sua proteção e auxílio. Nessa jornada descobrimos mais do que o Pai tem a nos oferecer em termos de bens; descobrimos nossa miserabilidade e sua compaixão; nossa pequenez e sua grandeza. Descobrimos que o coração de Deus é maior do que nosso legalismo de "pode-não-pode" que nos leva sermos insensíveis com os que caem. Descobrimos que Deus é sim justo e verdadeiro, mas é amoroso e compassivo. Lembremo-nos de Jeremias: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim” (Lamentações 3:22 )</div>
Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-78650690280761394732012-04-15T14:37:00.043-03:002012-08-10T00:52:42.549-03:00TEOLOGIA DA ENXADA<div style="text-align: justify;">
<b>Introdução</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;">
<a href="https://encrypted-tbn0.google.com/images?q=tbn:ANd9GcRmRooLf2HkznSAgHLGENNlQovdrG6ypUgjwu4x2ZqQ_Bj86fQxEg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://encrypted-tbn0.google.com/images?q=tbn:ANd9GcRmRooLf2HkznSAgHLGENNlQovdrG6ypUgjwu4x2ZqQ_Bj86fQxEg" style="background-color: white;" /></a>Arrolamos aqui alguns textos sobre a Teologia da Enxada cuja proposta visa fazer o pensar teológico a partir da experiência, da vivência, do contato e confronto com a realidade das camadas populares. É uma corrente teológica alternativa à Igreja Romana em relação à Teologia da Libertação. Verdade é que os evangélicos, principalmente, os pentecostais têm feito a Teologia da Enxada há muitos anos bem como a Teologia dos Presídios, a Teologia das Favelas e Morros: "O crescimento dos evangélicos não é um milagre, é resultado de um trabalho incansável de aproximação do povo que tem sido negligenciado por décadas pelas classes mais progressistas brasileiras. Enquanto a esquerda, ainda na oposição política, entre a abertura democrática pós-ditadura e a vitória do primeiro governo popular no Brasil, apenas esbravejava, pastores e missionários evangélicos percorreram cada canto do país, instalaram-se nas regiões periféricas dos grandes centros urbanos, abriram suas portas para os rejeitados e ofereceram, em muitos momentos, não apenas o conforto espiritual, mas soluções materiais para as agruras do presente, por meio de uma rede comunitária de colaboração e apoio. O que teve fome e dificuldade, o desempregado, o doente, o sem-teto: todos eles, de alguma forma, encontraram conforto e solução por meio dos irmãos na fé. Enquanto isso, a esquerda tinha uma linda (e legítima) obsessão: “Fora ALCA!”. [1]</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br />
</b><br />
<b>O que é a Teologia da Enxada?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://encrypted-tbn2.google.com/images?q=tbn:ANd9GcSDx-6UFjo5wC3mh_Mg1Yhcf_Wk2xlbh_owuhCWdPw_OfBnUyTDvA" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://encrypted-tbn2.google.com/images?q=tbn:ANd9GcSDx-6UFjo5wC3mh_Mg1Yhcf_Wk2xlbh_owuhCWdPw_OfBnUyTDvA" style="background-color: white;" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">José Comblin (1923-2011)</td></tr>
</tbody></table>
"A Teologia da Enxada é uma corrente teológica surgida em 1969, na Igreja Católica Romana do Nordeste do Brasil, que tem como base a a reflexão a partir da realidade dos agricultores e famílias camponesas. Distingue-se da Teologia da Libertação por centrar-se em um embasamento bíblico, evitando abstrações e conceitos filosóficos, a fim de permanecer próxima à cultura popular. Hoje, muitas das iniciativas missionárias no Nordeste tem como base esta linha teológica. Surgiu a partir de um grupo de 10 estudantes de Teologia que se reuniram para estudar e ensinar teologia por meio de diálogos com os camponeses. Para isto, viveram três anos no interior, dedicando-se ao trabalho no campo e ao estudo teológico a partir da imersão nesta realidade. Um dos seus principais expoentes é o teólogo José Comblin."[2]</div>
<br />
<b>Origens</b><br />
"Em 1969, um grupo de 10 estudantes de Teologia decidiu ensinar e estudar a teologia de maneira nova, por meio de diálogos com os agricultores e as famílias camponesas. Durante três anos, os jovens viveram no interior e se dedicaram ao trabalho no campo e ao estudo da teologia. Dessa experiência se originou a Teologia da Enxada. “<i>Nós buscávamos entender as aspirações populares, ou seja, existia uma inversão, pois, ao invés de dialogarmos com outras correntes teológicas nós conversávamos com o povo. E o diálogo é base fundamental da Teologia da Enxada. Nosso intuito era transmitir a Teologia de forma adequada. Essa era uma maneira de devolver o que estudávamos</i>”, explica João Batista.*Diferente do que alguns acreditam a Teologia da Enxada não provém diretamente da Teologia da Libertação. Elas são apenas próximas, conforme esclarece João batista. A doutrina é exclusivamente bíblica, de modo a evitar todas as abstrações e conceitos filosóficos, já que estes elementos não pertencem à cultura popular. Neste movimento é falada a linguagem dos pobres para que estes possam ser os propulsores de sua própria luta e história. Passados 40 anos, diversas pessoas se uniram ao movimento e abraçaram a Teologia da Enxada para experimentar um novo modo de viver e para repassá-la aos pobres. Atualmente, muitas iniciativas de formação e associações missionárias do Nordeste têm a sua inspiração nessa nova forma de pensar e agir."[3]<br />
<br />
<b>Para Ampliar os Conhecimentos</b><br />
<i>Padre Comblin e a Teologia da Enxada: Entrevista</i>. disponível em: <a href="http://mais.uol.com.br/view/77gsd7cnudte/pe-comblin-e-a-teologia-da-enxada-entrevista-04024D9B3668C0810326?types=A&">http://mais.uol.com.br/view/77gsd7cnudte/pe-comblin-e-a-teologia-da-enxada-entrevista-04024D9B3668C0810326?types=A&</a> (página acessada em 15/04/12).<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Teologia da Enxada: 40 anos. Retalhos das Comemorações em Serra Redonda Salgado de São Félix, por Alder Júlio Ferreira Calado</i>. Disponível em:</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://kairosnostambemsomosigreja.blogspot.com.br/2009/10/teologia-da-enxada-40-anos-retalhos-das.html">http://kairosnostambemsomosigreja.blogspot.com.br/2009/10/teologia-da-enxada-40-anos-retalhos-das.html</a> (página acessada em 15/04/12).<br />
<br />
<br />
FONTES:<br />
<br />
[1] <i>O Que a Esquerda Deveria Aprender com os Evangélicos</i>. <a href="http://www.pavablog.com/2012/03/07/o-que-a-esquerda-deveria-aprender-com-os-evangelicos/">http://www.pavablog.com/2012/03/07/o-que-a-esquerda-deveria-aprender-com-os-evangelicos/</a> (página acessada em 15/04/12).<br />
<br />
[2] <i>Teologia da Enxada</i>. <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_da_Enxada">http://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_da_Enxada</a> (página acessada em 15/04/12).<br />
<br />
[3]<i>Seminário comemora 40 Anos da Teologia da Enxada. </i>Disponível em<i> </i>:<a href="http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=41829">http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=41829</a> (página acessada em 15/04/12).<br />
<br />
* Refere-se ao teólogo católico João Batista Magalhães, um dos fundadores da Teologia da Enxada.</div>Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-84662682940252494832012-04-12T11:39:00.002-03:002012-08-10T00:46:01.308-03:00QUEM É O BOM POBRE<div style="text-align: justify;">
Leio os textos de Júlio Severo, blogueiro evangélico, com a cautela recomendada pelo apóstolo Paulo em 1 Ts 5:21: "<i>Julgai todas as coisas, retende o que é bom</i>". Muitas vezes em defesa do que acredita Júlio é muito agressivo com quem tem posições e entendimentos diferentes do dele. A forma como noticiou a morte de Robinson Cavalcanti, bispo anglicano e cientista político, de quem Júlio discordava veementemente, foi um tanto descabida, fruto de uma avaliação pessimista do autor: "<i>Fundador do MEP (Movimento Evangélico Progressista), o maior movimento evangélico político esquerdista da história do Brasil, colunista da revista esquerdista Ultimato, candidato do PT: o trágico fim de um evangélico que não teve tempo ou disposição de desfazer os estragos que provocou na igreja evangélica brasileira</i>" (<a href="http://juliosevero.blogspot.com.br/2012/02/robinson-cavalcanti-fundador-de.html">http://juliosevero.blogspot.com.br/2012/02/robinson-cavalcanti-fundador-de.html</a>). Em muitos de seus textos Júlio é agressivo com as pessoas que tem uma visão cristã diferente da dele. Mas isso não impede de que o blogueiro fale (como o faz muitas e muitas vezes) coisas verdadeiras e interessantes.<br />
<br />
Júlio Severo postou em 04/04/12 texto sobre as (não) relações da esquerda política com o neopentecostalismo. No texto ela fala de sua experiência com o tradicionalismo evangélico histórico, engajamento e esquerdismo político, testemunho válido como reflexão para nossa prática de vida cristã:<br />
<br />
"<i>Conheço por experiência a realidade entre igrejas apoiadoras da Teologia da Missão Integral e as igrejas neopentecostais. Muitos anos atrás, frequentei uma igreja evangélica tradicionalista que abrigava a elite da cidade. O pastor e outros líderes, além de maçons, eram petistas, e muitas vezes diziam à minha mãe e a nós: “Vocês são pobres. Por que não apoiam o PT? O PT é para vocês!” Por ordem do pastor, a igreja inteira tinha assinatura coletiva da revista esquerdista Ultimato. Caio Fábio era a palavra final entre eles.</i><br />
<i><br />
</i><br />
<i>Havia as igrejas pentecostais e neopentecostais na cidade. A Assembleia de Deus tinha sua imposição de costumes, proibindo as mulheres de usarem calças compridas e batons, mas novelas eram permitidas. Havia a IURD, que na época era contra o aborto. Mas, em troca de bênçãos, pedia mais dinheiro do que mendigo na rua. A igreja tradicionalista, com sua gente rica e refinada, estava infestada de maçonaria e petismo. Já os pobres estavam buscando milagres não no PT, mas na Assembleia de Deus, na IURD ou na Igreja Internacional da Graça de Deus, que não tinham nenhum interesse na Teologia da Missão Integral, na Ultimato, em Caio Fábio e no PT.</i><br />
<i><br />
</i><br />
<i>Naquela época, não entendíamos bem a Ultimato, mas dava para sentir seu cheiro ideológico e sua ineficácia na vida dos membros da igreja tradicionalista em suas necessidades. Quando precisavam de milagres de cura, eles recorriam a médiuns. Depois que começamos a frequentá-la, eles passaram a nos procurar para receber oração, pois nossa casa estava aberta para ministrar o Evangelho e oração.</i><br />
<i><br />
</i><br />
<i>Por orientação de Deus, continuamos a frequentar a igreja tradicionalista durante anos, e inspiramos muitos de seus membros a buscarem milagres não no espiritismo ou no PT, mas em Deus, visitando, com eles, especialmente a Assembleia de Deus. Com esse contato, o próprio pastor assembleiano às vezes visitava a igreja tradicionalista, mas ficava no último banco muito acanhado, pois a diferença entre ele (e suas roupas pobres) com os membros da igreja “rica” eram enormes. Enquanto a igreja tradicionalista, cheia de gente importante da cidade, se ocupava (mediante Ultimato e Caio Fabio) com uma “teologia” dos pobres, a Assembleia de Deus e igrejas neopentecostais estavam cheias de pobres!</i>"<br />
<br />
Esse texto lembrou-me o artigo <i>Panorama da América Latina Hoje</i> do teólogo católico José Comblin (1923-2011) na obra <i>Deus e Vida: Desafios, alternativas e o futuro da América Latina e do Caribe</i> que é a publicação dos temas e estudos de um congresso da SOTER (Sociedade de Teologia e Ciências da Religião) realizado em 2007. Comblin (célebre expoente da Teologia da Enxada) faz uma afirmação muito interessante e verdadeira, mas falando do clero católico e da falta de missionários:<br />
<br />
"<i>O únicos evangelizadores possíveis seriam leigos e leigas do mundo popular. Poderiam receber uma formação centrada na sua cultura e com métodos adaptados à sua condição social e cultural. Sucede que a grande maioria do clero rejeita com força essa solução. Os padres têm medo de leigos pobres e preparados. O bom pobre é a pessoa humilde, submissa, feliz com os auxílios que se lhe dá em forma assistencialista</i>"<br />
<br />
Esses textos me fazem pensar que estamos numa cultura em que está se preferindo dar o peixe do que ensinar a pescar, pois é mais cômodo para assistidos e assistentes, mantém as distâncias e vaidades e a pseudotranquilização da consciência de que alguma coisa está sendo feita.<br />
<br />
Para ler o texto integral de Júlio Severo: <a href="http://juliosevero.blogspot.com.br/2012/04/esquerda-continua-incomodada-com.html?o+(Julio+Severo)">http://juliosevero.blogspot.com.br/2012/04/esquerda-continua-incomodada-com.html?o+(Julio+Severo)</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-43757963661915885302012-01-27T22:15:00.006-02:002012-01-27T22:25:28.181-02:00AS FALÁCIAS DO JESUS SEMINAR<div style="text-align: center;"> </div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img height="400" src="http://rjosephhoffmann.files.wordpress.com/2010/02/jesus4faces1.jpg?w=500" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">As muitas "faces" de Jesus</td></tr>
</tbody></table><div style="text-align: center;"> </div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">"Nesta primeira parte de um artigo em duas parttes, as pressuposições e pretensões do Jesus Seminar[Seminário Jesus]† são expostas e avaliadas. Nota-se que as principais pressuposições (i) do naturalismo científico, (ii) da primazia dos evangelhos apócrifos e (iii) da necessidade de um Jesus politicamente correto são injustificadas e resultam em um retrato distorcido do Jesus histórico. Embora o Jesus Seminar faça pretensão de falar em nome da erudição na busca pelo Jesus histórico, mostra-se que, de fato, é um pequeno grupo de críticos em busca de cumprir uma pauta cultural."</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Leia o texto completo do apologista cristão William Craig acessando o link abaixo:</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.reasonablefaith.org/site/News2?page=NewsArticle&id=7177">http://www.reasonablefaith.org/site/News2?page=NewsArticle&id=7177</a> </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-65674515723923773112011-09-22T23:38:00.000-03:002012-08-10T00:47:40.995-03:00POR QUE NÃO PECAMOS?<div style="text-align: justify;">
Nós pecamos porque somos pecadores ou somos pecadores porque pecamos? A Teologia, através da disciplina Hamartiologia (o estudo sobre o pecado; do grego <i>hamartia</i> = pecado e<i> logia </i>= estudo), vem debatendo ao longo dos séculos esta questão. A Bíblia responde: "<i>... todos estão debaixo do pecado. Como está escrito: não há um justo, nenhum sequer (...) pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus</i>", Romanos 3.9,10,23. "<i>Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram</i>", Romanos 5.12. Ou seja, pecamos porque somos pecadores. A macieira não produz maçãs por causa da educação, da política, dos pais (a famosa culpa do meio em que se vive)...e sim porque é próprio dela produzir maçãs. E assim é com cada pessoa: já nasce com a natureza corrompida pelo pecado e produz o "fruto" que lhe é próprio.</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img height="260" src="http://laboringinthelord.com/wp-content/uploads/2011/07/Romans-Codex.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Manuscrito do século II com a cópia da carta de Paulo aos Romanos</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Porém, o pecado não tem a última palavra nesta história. Deus enviou seu Filho Jesus o qual morreu para nos salvar e dar-nos uma vida abundante. Em vez de fazer uma "reforma moral", apenas ditando normas de comportamento, Deus trata o problema na raiz, fazendo com que todo aquele que crê e recebe seu Filho nasça de novo, só que desta vez com uma nova natureza, a natureza divina: "<i>Aquele que nasceu de Deus não vive na prática do pecado, porque a semente de Deus permanece nele; não pode continuar pecando porque é nascido de Deus</i>", 1João 3.9. O pecado na vida daquele que nasceu de Deus acontece, digamos, por "acidente": "<i>Meus filhinhos estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, porém, alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo</i>", 1João 2.1.</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRjmJvEMocDeM_xg5SIzYUgUwwo7rIc434v4_XSVyazvveBL63CKpRKFW1a5r14DuW0aWQJWW-4pK6Q5okGszoH__45543UfZFLkmQt-1D3m52gsMVBuvqcLQGYTCmSX5H5FOzwbUuVIg/s400/01-Apostle+St+John+the+Evangelist.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="302" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O apóstolo João por El Greco (século XVI)</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Vimos então porque pecamos. Vimos que podemos ter vitória sobre o pecado. E na nossa jornada cristã prosseguimos procurando errar o menos possível. Porém, hoje me faço uma pergunta. Porque nós não pecamos? Isto é, quando estamos em alguma circunstância diante de uma bifurcação em que temos que escolher entre a santidade e o pecado, entre o obedecer e o desobedecer, porque escolhemos a santidade? Porque escolhemos a obediência? O motivo do porquê às vezes se escolhe o pecado parece óbvio: "cedeu à carne", "não vigiou", "preferiu os prazeres", "deu brecha", "a pressão dos fatos forçaram-no", etc. Mas, e quando agimos certo? Porque agimos assim? É fruto da nossa nova natureza? Medo de ser castigado? Espera por uma recompensa? Amor a Deus? O motivo do porquê resistimos às tentações é tão importante como resisti-las. Tem se percebido algumas tendências na conduta dos crentes.<br />
<i>Muitas vezes não se peca por medo do Diabo</i>. Alguns livros de Batalha Espiritual enfatizam o não pecar, pois isso pode abrir "porta de legalidade" e o Diabo pode nos destruir. Por isso, muitos não pecam, não por que isso ofende a Deus, mas por medo de isto dar legalidade ao Diabo para poder nos destruir. E se o Diabo não pudesse nos destruir? Poderíamos pecar? É evidente que o Diabo pode nos arruinar quando damos brecha, e a própria Bíblia nos diz para não lhe darmos lugar (Efésios 4.27), mas a raiz da santidade tem uma profundidade maior do que o medo do que o Diabo pode nos fazer.</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img height="400" src="http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRpuIE51SZ-gnj-5J09eQ25HCjKUr3sSZnJBA1RcdKPz_xMYUV58g" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="268" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A atriz Rosalina Celentano no papel do Diabo no filme <i>Paixão de Cristo</i> (2004)</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<i>Muitas vezes não se peca por medo de perder as bênçãos</i>. O capítulo 28 de Deuteronômio nos ensina que a obediência tem como conseqüência a benção e a desobediência a maldição. Embora isso seja verdade, muitas vezes a compreensão dessa verdade é prejudicada pela visão distorcida que se tem das bênçãos, limitando-as ao plano material: "Não peque porque você pode perder o emprego", "Não peque porque você vai adiar a benção de Deus", "Se você obedecer você vai se dar bem, se não obedecer vai se dar mal". É incontestável que a obediência e a desobediência tem conseqüências; é a lei da semeadura (Gálatas 6.7-9). É salutar avaliarmos as conseqüências do que fazemos; faz parte da pedagogia divina nos alertar sobre o que resulta nossa desobediência (1Coríntios 10.1-13). Porém, se obedecemos somente por medo das conseqüências, isto revela imaturidade espiritual.</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img height="300" src="http://www.old-picture.com/europe/pictures/Napulus-Gerizim.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O Monte Gerizim de onde a benção de Deus foi pronunciada para o povo de Israel</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<i>Por incrível que pareça muitas pessoas só obedecem a Deus e não querem o pecado em suas vidas por medo de Deus</i>. Quantas pessoas foram e são criadas escutando frases do tipo: "Se você fizer isto Deus vai te castigar!", "Se você não obedecer vai para o Inferno!". Como costuma dizer o Pr. Ezequiel Teixeira para muitos cristãos Deus é um xerife, fiscalizando implacavelmente cada ato da vida de seus filhos para que possa aplicar-lhes a devida penalidade. Quem pode viver em paz se a qualquer momento um "raio divino" pode cair em sua cabeça?</div>
<div style="text-align: center;">
<img src="http://www.turmadableia.com/wp-content/uploads/2011/04/raio.jpg" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>O medo da opinião dos outros</i>. O que as pessoas pensam de nós é importante, pois nos ajuda a avaliarmos a nossa conduta. Porém, se a motivação de obedecermos for somente manter uma aparência, ou temer a opinião pública, ou o medo de sermos excluídos, nossa obediência será falha. Se somente obedecemos na presença de alguém, quem seremos nós quando estivermos sozinhos? "<i>É bom ser zeloso, mas sempre do bem, e não somente quando estou presente convosco</i>",disse Paulo aos gálatas (Gálatas 4.18). O filósofo grego Epicuro (341-270 a.C.) formula um pensamento muito interessante: "<i>O homem que tenha alcançado o fim (propósito) da espécie humana será honesto mesmo que ninguém se encontre presente</i>". Será que existe povo que tenha motivos para dizer que alcançou o sentido da vida melhor do que os cristãos? Não cremos e cantamos que nossa vida é Cristo e que temos que viver para Deus?</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img src="http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRIrWl3AEdOrl67PJ43_FZgPPmFcMGTLQRx_8E5o7P5sCMtku3x" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Epicuro</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Então qual deve ser a raiz da nossa obediência? Qual deve ser o verdadeiro motivo que nos leva a não pecar? Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento resumem a obediência a Deus em um só mandamento: o de amar a Deus acima de todas as coisas. Jesus disse que nosso amor por ele é medido pela guarda de seus mandamentos (João 14.21). Portanto, é o amor a Deus que deve ser a raiz da nossa obediência. Quando me defrontar com o pecado, devo não ceder não por medo do Diabo, dos homens, ou mesmo de Deus, e sim por amor a ele; por entender que quando peco eu o ofendo, eu o entristeço, eu o ultrajo; o pecado pode me afastar de Deus, e por amá-lo não vou pecar, pois isto me afasta dele. Não devemos pecar por medo, pois o perfeito amor lança fora todo medo: "<i>No amor não há medo. Antes o perfeito amor lança fora o medo, porque o medo produz tormento. Aquele que teme não é aperfeiçoado em amor</i>" (1João 4.18). E se tivermos que temer alguma coisa que seja o vivermos longe da presença de Deus. Amado, que eu e você venhamos amadurecer em amor a Deus e assim viveremos uma vida reta, santa, que agrade a Deus.</div>Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-40789947787688114502011-08-11T23:00:00.002-03:002011-08-11T23:10:22.774-03:00CRER EM DEUS NÃO É CURTIR A VIDA???<i>Propaganda atéia britânica afirmou que já que Deus não existe podemos curtir a vida sem preocupação</i><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">Em de janeiro de 2009 uma campanha publicitária da British Humanist Association (Associação Humanista Britânica) espalhou cartazes em 800 ônibus na Grã-Bretanha (600 só em Londres) com a seguinte sentença: <i>“There’s probably no God. Now stop worrying and enjoy your life”</i> ("Deus provavelmente não existe. Agora, pare de se preocupar e aproveite a vida."). A palavra “provavelmente” não existia no texto original. Foi acrescida por força da legislação inglesa para evitar ofender aqueles que creem em Deus. A iniciativa da campanha partiu da roteirista de comédias Ariane Sherine, quando em junho do ano passado, ao ver um anúncio num ônibus em Londres com apenas uma passagem da Bíblia e o endereço de um site cristão, resolveu conferir o conteúdo da página eletrônica. Sherine ficou incomodada quando leu no site evangélico que "<i>quem rejeita o nome de Jesus passará toda a eternidade em tormento no inferno</i>”. Atéia, a escritora deu início a Campanha Ateísta em Ônibus que tem como objetivo disseminar a mensagem ateísta em contraposta à mensagem teísta. A Associação Humanista Britânica, que abraça uma filosofia humanista baseada na razão, arrecadou fundos e financiou a campanha que tem previsão para durar até abril.</div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img alt="O cientista e autor de livros Richard Dawkins, em frente a ônibus com anúncio ateísta" height="304" src="http://f.i.uol.com.br/folha/mundo/images/0900726.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O cientista ateu Richard Dawkins em frente a ônibus com a campanha ateísta.</td></tr>
</tbody></table><div style="text-align: justify;">O que me chamou mais atenção na proposta da campanha ateísta é que ela associa a crença em Deus à falta de curtição da vida. É justamente o contrário da perspectiva bíblica sobre Deus e o relacionamento com ele. A Bíblia associa a se viver na presença de Deus como algo prazeroso: “<i>tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente</i>.” (Salmo 16.11). Verdade é que há pessoas que espiritualizam a tal ponto alegria cristã encerrando-a no mundo vindouro. Mas não é isso o que a Bíblia diz. Ainda que a felicidade cristã venha atingir sua plenitude no mundo vindouro e a vida presente tenha suas contradições e conflitos, a Bíblia nos faz o seguinte convite: “<i>vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras. Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça. Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu debaixo do sol; porque esta é a tua porção nesta vida pelo trabalho com que te afadigaste debaixo do sol. Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma</i>” (Eclesiastes 9.7-10). </div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img src="http://dwellingintheword.files.wordpress.com/2010/02/1-king_solomon.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O Rei Salomão (ilustração a partir do original de Gustave Doré, 1832-1883)</td></tr>
</tbody></table><div style="text-align: justify;">Salomão, autor do livro do Eclesiastes, fala de uma perspectiva terrena sem ter ainda a revelação e perspectiva cristã de uma era vindoura; mesmo assim ele insiste que essa vida que deve ser curtida na terra deve ser vivida sob a ótica de Deus: “<i>alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas. Afasta, pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor, porque a juventude e a primavera da vida são vaidade. Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: não tenho neles prazer</i>” (Eclesiastes 11.9-10;12.1). Tendo em vista que “<i>ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém</i>” (Salmo 24.1a) usufruamos com responsabilidade das dádivas do Criador, o qual “<i>tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento</i>” (1Timóteo 6.17b). A Bíblia ainda afirma que “<i>toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança</i>” (Tiago 1.17). Portanto, devemos servir “<i>uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus</i>” (1 Pedro 4.10).</div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img src="http://tjweb.org/art-thumbs/small-StPeterElGreco.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Apóstolo Pedro por El Greco (15-4-1614)</td></tr>
</tbody></table></div><div style="text-align: justify;">A Bíblia não nos promete uma vida sem problemas e sofrimentos: “<i>ainda que o homem viva muitos anos, regozije-se em todos eles; contudo, deve lembrar-se de que há dias de trevas, porque serão muitos. Tudo quanto sucede é vaidade</i>” (Eclesiastes 11.8). No entanto, temos de Jesus a seguinte promessa: “<i>no mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo</i>” (João 16.33b). Jesus não veio reformar o judaísmo nem trazer uma nova religião; disse ele: “<i>eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância</i>” (João 10.10b). Essa vida, é claro, não é restrita apenas a satisfação pessoal na terra tendo sua plenitude no mundo vindouro onde Deus “<i>enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram</i>” (Apocalipse 21.4). </div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsRN66lnICFx69y9zMZ3ZlIUn5Tz6IaRs8f1PPXp-sl0JiHnFW3JcXMPp8TwS_GPkN9nYBCHmS3i7WVMFWBkfTPmfbFzi5Y_TmWQZued3Ho-Z2i6EL60S-rC8pR79cFPv5gD45sW98r8c/s400/Christ+as+Saviour,+El+greco.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="310" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jesus Cristo por El Greco</td></tr>
</tbody></table><div style="text-align: justify;">A vida cristã vivida sob o discipulado de Cristo exigirá de nós a negação de si mesmo, mas quem essa vida experimenta pode dizer como Pedro: “<i>Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna</i>” (João 6.68b). Sendo assim podemos usar o slogan da Associação Humanista Britânica ligeira, mas essencialmente, modificado: “<i>Deus provavelmente existe. Agora, pare de se preocupar e aproveite a vida</i>”. Evidentemente, Deus não é uma probabilidade: Ele é verdadeiramente a única certeza de uma vida com significado e propósito.</div><br />
<br />
REFERÊNCIAS:<br />
<br />
“Grupo comunica ateísmo a britânicos com anúncios em 800 ônibus”. Matéria publicada no Folha On Line disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u487153.shtml<br />
<br />
“Ateus, graças a Deus”. Reportagem de Maíra Magro disponível em: http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2046/ateus-gracas-a-deus-conflitos-de-cunho-religioso-e-pressao-123913-1.htm<br />
<br />
“Ateístas britânicos em delírio”. Reportagem de Elben L. César disponível em: http://www.ultimato.com.br/?pg=show_conteudo&util=1&categoria=1®istro=961<br />
<br />
<i>* Artigo inicialmente publicado no portal do Projeto Vida Nova</i>Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-13941250225912624142011-02-21T12:34:00.001-03:002011-02-25T23:59:12.334-03:00PASTORES: MODELOS DE DEUS<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img height="320" 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style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="315" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cristo como o bom pastor, afresco de uma catacumba de Roma</td></tr>
</tbody></table><div style="text-align: justify;">A Bíblia insta que devemos ser imitadores de Deus (Mt 5.43-48; Ef 5.1). Para vivermos tal vocação precisamos de referenciais da vida divina. Além de Cristo, nosso modelo maior (Jo 13.15; 1Pe 2.21), a Sagrada Escritura afirma que devemos imitar nossos líderes (Hb 6.12; 13.7). </div><div style="text-align: justify;">Ciente de tal responsabilidade e convicto de sua conduta diante de Deus e dos homens, o apóstolo Paulo escreve: “<i>Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores</i>” (1Co 4.16; cf. 1Co 4.6; 2Ts 3.9). </div><div style="text-align: justify;">Porém, esse imitar não deve ser feito sem critérios, pois os liderados poderiam imitar até os defeitos e incoerências da vida de seus líderes. Daí o Apóstolo dos gentios afirmar: “<i>Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo</i>” (1Co 11.1; 1Ts 1.6). Sendo assim muito grande é a responsabilidade dos pastores. Eles devem ser imitadores de Jesus Cristo para se tornarem referenciais de vida cristã para os demais membros da Igreja. </div><div style="text-align: justify;">Tal responsabilidade ética e espiritual não pode se basear apenas na personalidade e no esforço humano que conta apenas com as próprias forças para ser um imitador de Cristo. “<i>Sem mim</i>”, disse Jesus, <i>“nada podeis fazer</i>” (Jo 15.5b). O grande fator sustentador do pastor como um exemplo é sua identificação com o Cristo da maneira proposta por Paulo: “<i>Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim</i>” (Gl 19b – 20). Vê-se, primeiramente, que o pastor deve ser alguém que tem plena consciência da obra da salvação que Cristo realizou por ele independente de seu ministério. Essa vivência é um viver pela fé e consciência da singularidade do amor de Cristo. Não é um esforço meramente estóico, mas um viver pela graça divina, o que não exclui a diligência humana em resposta à vocação de Deus.</div><div style="text-align: justify;">Sendo assim o pastor e seus colegas podem afirmar: “<i>Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós</i>”. </div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img height="276" 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style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="320" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Martin Luther King Junior: <br />
Pastor batista que se tornou referencial na luta pelos direitos humanos</td></tr>
</tbody></table>Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-24931328620494407002010-12-13T19:07:00.004-02:002010-12-18T10:14:26.571-02:00ARREPENDIMENTO E AUTOACEITAÇÃO<div style="text-align: justify;">O Evangelho nos chama ao arrependimento (Mt 4.17; Mc 1.15). Na Antiga Aliança, em hebraico, arrependimento é <i>shub</i>(voltar-se) e <i>nocham</i> (sentir pesar) como em Oséias 13.14 e 14.2; é conversão, retorno à vontade do Criador. O Novo Testamento também sublinha a conversão e o pesar ligados ao arrependimento (At 3.19; 2Co 7.10), porém verte o conceito de arrependimento para palavra grega <i>metanoia</i>, isto é, mudança de mente e consequentemente de atitude. Para muitos o apelo de Cristo ao arrependimento é uma negação da autenticidade da existência humana com seus erros e incoerências. Sobre a relação do Evangelho e a existência, F. A. Pastor escreveu um interessante livro (não mais publicado) <i>Existência e Evangelho</i>. No livro, o autor foca seu argumento no fato de que a existência humana está fundamentada na existência de Deus e não pode ser autêntica nem plenamente realizada a parte de seu relacionamento com Deus. Porém, por vezes, parece que o arrependimento é um apelo a não aceitarmos quem somos. A parábola do Filho Pródigo (Lucas 15.11-32) ilustra bem como alguém sem visão renuncia a si mesmo para arrepender-se depois e voltar não apenas para aqueles que deixara, mas também para si mesmo.</div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img alt="File:Rembrandt Harmensz. van Rijn 139.jpg" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b0/Rembrandt_Harmensz._van_Rijn_139.jpg/484px-Rembrandt_Harmensz._van_Rijn_139.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"O Filho Pródigo Desperdiça sua Herança" (1636) de Rembrandt Harmensz van Rijn (1606-1669).<br />
O pintor usou a si mesmo e a sua esposa Saskia como modelos</td></tr>
</tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><br />
Abaixo citamos um extrato do livro supracitado que aborda essa relação entre autoaceitação e arrependimento:<br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;">"<i>O arrependimento existencial é um juízo sobre nós mesmos, discernindo o bom do ruim e situando-nos da parte do bem. Nem pode pretender, nem pretende poder fazer que o que aconteceu não tenha acontecido.Pelo contrário, admite-o. Mas, suposta esta adesão fiel à verdade de nossa história existencial, o homem que se arrepende tem a coragem decidida de pronunciar-se, tomar posição e optar novamente. Com isto, rebela-se contra a aceitação passiva de uma sorte de determinismo existencial. Nada está escrito nas estrelas. Nada está sólido e firme no fluir de nossa decisão, que sempre tem de decidir novamente, nem que seja por ratificar a decisão fundamental precedente. Nossa vida sempre pode configurar-se novamente de acordo com a última tomada de posição, que é a que lhe marca o rumo, o roteiro, a estrada.</i>"</div><div style="text-align: justify;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img alt="Albrecht Dürer: The Prodigal Son among the Pigs" height="640" src="http://static.artbible.info/large/durer_vz_varkens_grav.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="481" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"O Filho Pródigo entre os Porcos" (1497) de Albrecht Dürer (1471-1528). <br />
O pintor alemão retrata o jovem se ajoelhando no esterco e refletindo em sua própria vida.</td></tr>
</tbody></table></div><div style="text-align: justify;"><i>"O arrependimento não é a negação do nosso ser; é somente a negação de nossa negação e a contestação de nossa negatividade, por fidelidade a nosso próprio ser. Assim, revisar a própria vida, deixar que a consciência nos examine e tormar posição depois disso, é justamente exercer um dos máximos atributos de nossa humanidade: a livre e consciente opção existencial, realizada no horizonte religioso e no marco teológico de nossa religação com o transcendente e absoluto mistério a quem chamamos Deus. Aceitar-se a si mesmo, pois nada tem a ver com a identificação passiva de tudo quanto fizemos ou padecemos. Pelo contrário, assume a autocrítica mais radical, já que é capaz de negar o próprio comportamento, o próprio agir, pelas suas deficiências, privações e negações de amor, bondade, esperança, confiança, verdade, magnanimidade."</i><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img alt="James Tissot: The Prodigal Son in Modern Life: The Return (1882)" height="475" src="http://static.artbible.info/large/tissot_verlz1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="640" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"O Filho Pródigo em Tempos Modernos: O Retorno" (1882) de James Tissot (1836-1902). <br />
O pintor francês retrata o retorno do filho pródigo com roupas e ambiente de sua época (porto de Londres).</td></tr>
</tbody></table><div style="text-align: center;"><i> </i></div><i>"Arrepender-se , pois, num horizonte de fidelidade ao próprio ser profundo, nas suas dimensões pessoal, filial e fraterna, é uma forma magnífica de aceitar-se, e necessariamente tem de assumir o caminho do próprio aperfeiçoamento e tem de afirmar a tese da própria e real perfectibilidade, íntima, religiosa, fraterna. Assim, a fraternidade sempre ameaçada, tem no arrependimento a possibilidade permanente de reconstrução." [1]</i><br />
<i><br />
</i><br />
<i><br />
</i><br />
[1] Pastor, F. A<i>. Existência e Evangelho. </i>Edições Loyola: São Paulo, 1973, pp.20,21.<br />
<br />
Imagens: <i>Art and The Bible. </i>Página eletrônica dedicada a mostrar obras artísticas inspiradas na Bíblia (<a href="http://www.artbible.info/">http://www.artbible.info/</a>)</div>Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-48828305876970982302010-11-27T16:05:00.000-02:002010-11-27T16:05:08.242-02:00ARREPENDIMENTO E AUTOACEITAÇÃO<div style="text-align: justify;">O Evangelho nos chama ao arrependimento (Mt 4.17; Mc 1.15). Na Antiga Aliança, arrependimento é <i>shub</i>(voltar-se) e <i>nocham</i> (sentir pesar) como em Oséias 13.14 e 14.2; é conversão, retorno à vontade do Criador. O Novo Testamento também sublinha a conversão e o pesar ligados ao arrependimento (At 3.19; 2Co 7.10), porém verte o conceito de arrependimento para palavra grega <i>metanoia</i>, isto é, mudança de mente e consequentemente de atitude. Para muitos o apelo de Cristo ao arrependimento é uma negação da autenticidade da existência humana com seus erros e incoerências. Sobre a relação do Evangelho e a existência, F. A. Pastor escreveu um interessante livro (não mais publicado) <i>Existência e Evangelho</i>. No livro, o autor foca seu argumento no fato de que a existência humana está fundamentada na existência de Deus e não pode ser autêntica nem plenamente realizada a parte de seu relacionamento com Deus. Porém, por vezes, parece que o arrependimento é um apelo a não aceitarmos quem somos. Abaixo citamos um extrato do livro que aborda essa relação entre autoaceitação e arrependimento.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">"O arrependimento existencial é um juízo sobre nós mesmos, discernindo o bom do ruim e situando-nos da parte do bem. Nem pode pretender, nem pretende poder fazer que o que aconteceu não tenha acontecido.Pelo contrário, admite-o. Mas, suposta esta adesão fiel à verdade de nossa história existencial, o homem que se arrepende tem a coragem decidida de pronunciar-se, tomar posição e optar novamente. Com isto, rebela-se contra a aceitação passiva de uma sorte de determinismo existencial. Nada está escrito nas estrelas. Nada está sólido e firme no fluir de nossa decisão, que sempre tem de decidir novamente, nem que seja por ratificar a decisão fundamental precedente. Nossa vida sempre pode configurar-se novamente de acordo com a última tomada de posição, que é a que lhe marca o rumo, o roteiro, a estrada."</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O arrepdenimento não é a negação do nosso ser; é somente a negação de nossa negação e a contestação de nossa negatividade, por fidelidade a nosso próprio ser. Assim, revisar a própria vida, deixar que a consciência nos examine e tormar posição depois disso, é justamente exercer um dos máximos</div>Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-6249466460649800492010-10-09T11:23:00.000-03:002018-07-14T13:27:46.926-03:00DANÇA OU FLAUTA: que preconceitos há por trás de uma tradução?<div style="text-align: justify;">
Uma das questões mais debatidas na questão da utilização da dança na liturgia das igrejas evangélicas é o que realmente diz os salmos 149.3 e 150.4, já que em muitas versões aparece palavra ‘flauta’ em vez de ‘dança’. Os que defendem a dança litúrgica se embasam nesses versículos para legitimar sua prática e os que refutam a dança litúrgica sempre levantam a dúvida (e muitas vezes sua certeza) de que a o termo em questão se refere a flauta.</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
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style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="320" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Parte de flauta pré-histórica encontrada na Eslovênia</td></tr>
</tbody></table>
<b>As Traduções</b><br />
<div style="text-align: right;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Nas versões da tradução de João Ferreira de Almeida (1628-1691), a mais querida e popular no meio evangélico, encontramos o seguinte: A versão Revista e Corrigida, edições de 1969 e 1995, traz a palavra ‘flauta’ no salmo 149.3; e no salmo 150.4, a de 1969 traz ‘dança’ e de 1995, ‘flauta’. Mas isso não se dá com outras versões em português. A antiga Tradução Brasileira (1917) e a Nova Tradução na Linguagem de Hoje (2000) trazem ‘dança’ em ambos os versículos bem como versões de editoras católicas em português como famosa Bíblia de Jerusalém (1985) e a Tradução Ecumênica da Bíblia (1994). Em outros idiomas encontramos o equivalente a ‘dança’ em vez de ‘flauta’: Por exemplo, na King James Version (edição de 1769) temos a palavra inglesa <i>dance</i>(dança) e em francês encontramos <i>danse</i> (dança) na versão de Louis Segond (1910) para ambos os versículos.</div>
<div style="text-align: center;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img height="162" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdwVCY8511d_NZqtCsdWUc2umNKg8ORbRKevzXfSnU7DSd1loWBPgzQyYQV_RjV5TPIFKJJpsrTTHtPhcUvSLF0pqdIAFPqpFf6uEdhxlwIUzWraZCU55P4JcsXEMAXbQcNQnJE5hCX8c/s200/JooaoFerreiraAlmeida.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="200" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ilustração de João Ferreira de Almeida e <br />
logomarca da Sociedade Bíblica do Brasil</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>O Texto Original </b></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas o que diz o texto original em hebraico? No texto original temos a palavra <i>machol</i> que significa 'dança' e é originária de uma palavra que indica ‘girar’, 'movimentar-se em círculo’. Será que a palavra não se referiria ao uso de um tipo de flauta que se deveria tocar dando voltas ou girando o instrumento como alguns argumentam? Não. Ela se refere mesmo a dança. Vejamos:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<ul>
<li> a) A palavra hebraica padrão para flauta é <i>ugav</i>. Há também a palavra <i>chaliyl</i> que indica flauta ou pífaro (Isaías 30.29). Não há referência que indique <i>machol </i>como flauta;</li>
<li> b) A dança judaica era e é caracterizada pelo movimento circular e por grupos de pessoas que dançam em círculo; até no hebraico moderno <i>machol</i> significa 'dança';</li>
<li> c) A mais antiga tradução da Bíblia hebraica, a Septuaginta, traduz em ambos os versículos <i>machol</i> por <i>chorós</i>, isto é, ‘dança’ no que foi seguida pelas versões posteriores como a Vulgata Latina.</li>
</ul>
</div>
<div style="text-align: justify;">
Se no texto original e na maioria das traduções antigas e modernas prevalece a palavra ‘dança’ por que se encontra ‘flauta’ em outras versões?<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img src="https://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSy4F7aoAph0Qyw5EdaDZRcmnI-jNNj8BuYj7YYsC17tG-x2vo&t=1&h=157&w=236&usg=__TPWqLwxqG7x-83oOqesyRnZnUmM%3D" height="212" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="320"></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Judeus ortodoxos dançando</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Preconceito?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Entendo, com pesar, que o motivo da troca de ‘dança’ por flauta’ em algumas versões da Bíblia em detrimento do texto original é o preconceito contra a dança na liturgia cristã. Por que tendo as evidências do texto original, do contexto histórico e cultural a palavra foi traduzida de modo diferente? Infelizmente, isso não é novidade na história do texto da Bíblia. A perícope da Mulher Adúltera (João 7.53 – 8.11), embora reconhecidamente inspirada por Deus, não fez parte por um bom tempo do cânon da Bíblia. Os manuscritos mais antigos do evangelho de João disponíveis não a trazem bem como os mais antigos códices bíblicos. Além disso, alguns manuscritos trazem a perícope no evangelho de Lucas (cujo estilo é mais similar a perícope do que o de João) ou no fim do evangelho de João. Praticamente só a partir do início da Idade Média é que os manuscritos começaram a reproduzir a história da Mulher Adúltera no evangelho de João e assim permaneceu. Os estudiosos da crítica textual do Novo Testamento concluem que o texto é uma peça antiga e autêntica da vida de Jesus, mas que não foi escrita por João e demorou-se a fixar-se no cânon bíblico. </div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Não está em questão sua historicidade ou inspiração divina, a qual o texto emana. Há testemunhos dos primeiros cristãos (Pápias no século II e a Didascália dos Apóstolos no século III) de que a história da Mulher Adúltera era bem conhecida dos cristãos e usada como exemplo da bondade do Senhor.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas por que houve tanta demora (ou resistência?) a que esse registro de um episódio tão significativo da vida de Cristo fizesse parte da Bíblia? O conceituado biblista Joachim Gnilka nos dá uma indicação valiosa:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“<i>Mas a resistência que podemos observar contra ela, e que tornou sua aceitção tão problemática, está relacionada com seu objetivo. Para muitos a história pareceu escandalosa. A bondade de Jesus para com uma pecadora foi sentida como uma coisa capaz de provocar escândalo. Dificilmente se poderá encontrar outra explicação para esta situação</i>”[1].</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgM2iJv0_K1Neug4S-EGzxM3h979S5AcfAj8v6htbpZMe86QzJRTKCLSSNXyM82z_7L3L-NWfjw47DbPJ3liKwsQ_eCEdWmRzgSFHHMSxevdIMdPJ2qHyJsjQRgX4xF3fZfI7FNratBOog/s1600/Dore_adultress.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="599" data-original-width="483" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgM2iJv0_K1Neug4S-EGzxM3h979S5AcfAj8v6htbpZMe86QzJRTKCLSSNXyM82z_7L3L-NWfjw47DbPJ3liKwsQ_eCEdWmRzgSFHHMSxevdIMdPJ2qHyJsjQRgX4xF3fZfI7FNratBOog/s400/Dore_adultress.jpg" width="322" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cristo e a Mulher Adúltera: <br />Ilustração de 1865 do célebre Gustave Doré</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O teólogo Wilson Paroschi, especialista em Crítica Textual do Novo Testamento, afirma:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
“<i>Com respeito à demora em ser aceita pelos cristãos em geral, essa poderia muito bem ser atribuída à rígida disciplina eclesiástica para com o adultério, uma vez que a narrativa revela que Cristo perdoou muito facilmente a mulher; somente quando a disciplina adotou métodos menos intolerantes, após o século IV, foi que a igreja teria estado disposta a aceitá-la</i>” [2].</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Creio que o que aconteceu a história da Mulher Adúltera foi o que aconteceu com a substituição de ‘dança’ por ‘flauta’. O medo do escândalo que pode causar a dança no culto. O gosto pessoal de tradutores e comentaristas interferiu na tradução. O não gostar de dança ou de não gostar de associá-la a Deus interferiu na tradução em detrimento do texto original e em detrimento do próprio gosto de Deus (não é ele o alvo da liturgia?) já que o Antigo Testamento mostra com clareza que Deus era adorado com danças.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Conclusão</b></div>
<div style="text-align: justify;">
O intuito desse texto é esclarecer quanto à questão do que diz o texto original dos salmos 149.3 e 150.4 bem como protestar contra a manipulação preconceituosa do texto bíblico. O texto original e a maioria das traduções (só citamos alguns exemplos acima) trazem ‘dança’ e não ‘flauta’. O objetivo não é tornar a dança litúrgica obrigatória para todas as denominações evangélicas, as quais têm liturgias próprias e diferentes orientadas por suas tradições históricas e líderes locais, mas contribuir para a aceitação da dança litúrgica nas várias formas de adoração ao Criador como expressas na Bíblia, tal qual testemunhadas na Bíblia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img height="316" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEFxNQyDpVb-188-x-x8Fwr3sU2F_fIu6lQ3yKZhbUAqezSG-Rg7jE4xWEITNyCrGSBXb6uJfu3zJfuBG31RMQ5UrADMKj-kOJpNxg7v2s7ARgqr2Ssa6o33GvgJ6nbJYS25lPlJCcbw5w/s320/daviddances.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="320" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O rei Davi dançando em adoração a Deus</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
NOTAS</div>
<div style="text-align: justify;">
[1] GNILKA, Joachim. Jesus de Nazaré: Mensagem e História. Editora Vozes: Petrópolis, 2000, p.107. </div>
<div style="text-align: justify;">
[2] PAROSCHI, Wilson. Crítica Textual do Novo Testamento. Edições Vida Nova: São Paulo, 1993, p.205.</div>
Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-78027610371506733052010-05-01T09:16:00.005-03:002010-05-01T23:12:17.188-03:00PARABÉNS, TRABALHADOR!!!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;">Primeiro de maio não foi escolhido por acaso para se comemorar o Dia do Trabalhador. Antes da era industrial, por incrível que pareça, atividade profissional não abarcava tantas horas como hoje; os escravos e camponeses trabalhavam, geralmente, entre 4 ou 5 horas por dia. Os camponeses ficavam sem atividade durante muitos meses do ano, onde esse tempo livre era preenchido com festas religiosas. </div><div style="text-align: justify;">No fim do século XVIII veio a industrialização do trabalho, trazendo as máquinas e a necessidade de muita mão-de-obra para operá-las. O tempo de trabalho intensificou-se, a ponto de se chegar até quinze horas de trabalho por dia! E não descriminava ninguém: velhos, mulheres, crianças; todos em condições de produzir eram empregados. Com o tempo o trabalho deixou de ser parte da vida do homem e a vida do homem passou a ser parte do trabalho. Condições deploráveis de exploração imperavam sobre sociedade trabalhadora. </div><div style="text-align: justify;">Em 1º de maio de 1886, os trabalhadores de muitas cidades norte-americanas, fizeram manifestações públicas. Em Chicago, milhares deles foram para a rua, exigindo uma jornada de oito horas de trabalho por dia. No dia 4 de maio, durante novas manifestações, uma explosão serviu de pretexto para a repressão violenta que se seguiu, provocando mais de 100 mortes e a prisão de muitos trabalhadores. Estes trabalhadores ficaram conhecidos como os "Mártires de Chicago", e o episódio se tornou o marco da luta por melhores condições de trabalho em todo o mundo. Com o passar dos anos, a comunidade trabalhadora internacional consagrou o dia inicial da manifestação como o Dia do Trabalhador.<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhU8PNyHTGSCRLQ8KzZqC4BSTtRU09Xj37k1N_3GfQ8OGiJyMDSrxSR84ZoKolRW4542eBiY1w722j6dR5LrEVldSVL_HO7rMNnkwEELVE_C7w_7mRAfs3bLz84lwraNbUXxEXdqisrtTY/s1600/1-maio-chicago.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5466275424463801602" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhU8PNyHTGSCRLQ8KzZqC4BSTtRU09Xj37k1N_3GfQ8OGiJyMDSrxSR84ZoKolRW4542eBiY1w722j6dR5LrEVldSVL_HO7rMNnkwEELVE_C7w_7mRAfs3bLz84lwraNbUXxEXdqisrtTY/s400/1-maio-chicago.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 256px; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; margin-right: auto; margin-top: 0px; text-align: justify; width: 400px;" /></a></div><div style="text-align: center;"><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'courier new';">Ilustração do 1º de maio em Chicago</span></span></div></div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O 1º de maio nos faz refletir sobre uma série de coisas: o trabalho é uma benção ou é uma maldição? Muitas pessoas supõem que o trabalho é uma maldição imposta por Deus como castigo ao pecado de Adão (Gênesis 3.17-19); porém, Adão já trabalhava como “jardineiro” no Éden antes de pecar (Gênesis 2.15). A maldição ligada ao trabalho não é o trabalho em si, mas o resultado frustrante do labor do homem afastado da comunhão com Deus. Alguns pensam que a vida na era vindoura será só descanso... Mas a Bíblia diz que na vida nos novos Céus e Terra haverá trabalho, pois “seus servos o servirão” (Apocalipse 22.4). Talvez muita gente não queira ir para o Céu ao ler estas palavras... Muitos preguiçosos concordam com a frase satírica do Barão de Itataré: “Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer”. Só que esquecem que o primeiro trabalhador foi Deus, criador de tudo. “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”, disse Jesus (João 5.17). Para sermos semelhantes ao Pai temos que ser trabalhadores (Mateus 5.48).</div><div style="text-align: justify;">A Bíblia condena a preguiça e a ociosidade: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma”, 2Tessalonicenses 3.10b. Então trabalhemos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8CLMxRZRBPr2ATP6e-TdVohuqb3ctFfsemWvRn2oJnRXkFNKNRMq2qQsSkvyF6nPNTqLTFIthSXRFPdFioHitrIcEPd6tQpx7FI_ncUqq6Glv6GS7fjw7NGKyH3RjkOB1lA18g5DdXuM/s1600/Plate-no-19-Adam-naming-the-animals-in-the-Garden-of-Eden.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5466278059149907122" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8CLMxRZRBPr2ATP6e-TdVohuqb3ctFfsemWvRn2oJnRXkFNKNRMq2qQsSkvyF6nPNTqLTFIthSXRFPdFioHitrIcEPd6tQpx7FI_ncUqq6Glv6GS7fjw7NGKyH3RjkOB1lA18g5DdXuM/s400/Plate-no-19-Adam-naming-the-animals-in-the-Garden-of-Eden.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 245px; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; margin-right: auto; margin-top: 0px; text-align: justify; width: 400px;" /></a></div><div style="text-align: center;"><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'courier new';">Adão dando nome aos animais numa tapeçaria italiana da Renascença</span></div></div></div><div><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;">Porém, qual é o lugar que o trabalho ocupa na vida do homem? O sociólogo Domenico de Masi descreve muito bem nossa época: “prisioneiro do ativismo profissional, ele [o homem] descuida de si mesmo e dos cuidados que precisa, sacrifica tudo ao sucesso e não para nunca um instante para fazer esses cálculos simples[1], com medo de admitir que o trabalho, cada vez mais residual na perspectiva cronológica, se torne também residual na perspectiva existencial”[2]. O homem para preencher sua existência se lança num ativismo que sacrifica os verdadeiros valores da vida. Reivindiquemos melhores salários, melhores condições de trabalho, uma justa aposentadoria; mas jamais esqueçamos que trabalho não é tudo. Abaixo, retrato do rei Salomão na época em que escreveu o Eclesiastes: após anos de trabalho e prazeres, ele conclui que o sentido da vida é temer a Deus e guardar seus mandamentos.</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFD-PF3-x2NwllPc7D5D1JM-w96YBlMr1UTlAvUrV2cblNlaCC3UVRhTpF20-CRJ87yUwPCYoRgSTmjl8xti3bJ0hLooZb9hSfHLrguGQkvgHFZvkyg9_O0u5ii2deqc8u4zH8t8Czu6c/s1600/Ecclesiastes.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFD-PF3-x2NwllPc7D5D1JM-w96YBlMr1UTlAvUrV2cblNlaCC3UVRhTpF20-CRJ87yUwPCYoRgSTmjl8xti3bJ0hLooZb9hSfHLrguGQkvgHFZvkyg9_O0u5ii2deqc8u4zH8t8Czu6c/s320/Ecclesiastes.gif" /></a></div></div><div style="text-align: justify;"><br />
A Bíblia nos ordena não apenas trabalhar, mas como trabalhar, nos orientando trabalharmos como se o fizéssemos para Deus e não para os homens, e assim teremos recompensa (Efésios 6.6-8). Nos orienta a buscarmos em primeiro lugar o reino de Deus (o que não é ausência de trabalho) e as nossas necessidades básicas seriam atendidas. O livro do Eclesiastes tem muito a nos dizer sobre a realidade da vida profissional:</div><div style="text-align: justify;">“O que mais tem o homem de todo o seu trabalho, e da fadiga do seu coração, em que ele anda trabalhando debaixo do sol? Todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é desgosto; até de noite não descansa o seu coração. Isto também é vaidade. Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze do bem do seu trabalho. Vi que isto também vem da mão de Deus”, (2.22-24). “Melhor é um punhado com descanso do que ambas as mãos cheias com trabalho e aflição de espírito”, (4.6).</div><div style="text-align: justify;">É assim que temos que comemorar o Dia do Trabalhador, entendendo que precisamos melhorar as condições trabalhistas, mas com a vida centralizada em Deus, o Grande Trabalhador, para não perdermos a finalidade da vida. Aprendamos com Colossenses 4.22-24:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">“Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência como para agradar a homens, mas em simplicidade de coração temendo a Deus. E tudo o que fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor a recompensa da herança.É a Cristo, o Senhor, que estais servindo.”</div><br />
<div style="text-align: justify;">Então, 1º de maio de faz pensar nas seguintes conclusões:</div><div style="text-align: justify;">- Devemos trabalhar. Isto é a vontade de Deus;</div><div style="text-align: justify;">- A preguiça é pecado;</div><div style="text-align: justify;">- O fato de termos que trabalhar não deve ser desculpa para negligenciarmos nossa vida espiritual. Devemos buscar primeiramente o Reino;</div><div style="text-align: justify;">- Buscar em primeiro lugar o Reino não é viver “infurnado” dentro da igreja, negligenciando as responsabilidades da vida;</div><div style="text-align: justify;">- Só Jesus Cristo dá sentido ao nosso trabalho. Devemos exercer qualquer atividade, por mais simples que seja, como se fosse para Deus. Desta forma o trabalho não é um fardo, e sim uma benção.</div><div style="text-align: justify;">Viva o Dia do Trabalhador!!!</div><div style="text-align: justify;">Parabéns p’ra você trabalhador!!!</div><div style="text-align: justify;">Você, trabalhador, que no momento está desempregado, persevere, “corra atrás”, peça a Deus, que com certeza o Pai vai lhe abrir uma “porta”</div><div style="text-align: justify;">Parabéns, a ti, ó Deus, pois és o primeiro e principal Trabalhador</div><div style="text-align: justify;">Graça e Paz!!!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">[1] O autor calculou 60 anos em horas e concluiu que mesmo que trabalhássemos todos os dias nesse período ainda sobrariam muitas horas para a família, o lazer, etc.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">[2] MASI, Domenico. O Futuro do Trabalho: fadiga e ócio na sociedade pós-industrial. José Olímpio Editora e Editora da Unb, 2000, p.12</div>Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-8140820841279626352009-06-11T18:34:00.021-03:002009-06-27T10:43:06.993-03:00VIDA TEMPERADA: UMA REFLEXÃO SOBRE A SIMBOLOGIA BÍBLICA DO SAL<b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Por que a Igreja deve ser o “sal fora do saleiro”?</span></b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /><br /></span><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Cloreto de sódio, cristalino, branco, usado na alimentação. Para além desta definição meramente científica, o sal é usado desde a Antiguidade como símbolo de vários aspectos da vida. Por ser usado não só como tempero, anticéptico e fertilizante, mas principalmente como conservante dos alimentos, o sal indica principalmente conservação, durabilidade.</span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Na Grécia antiga, quando se dizia ter comido um alqueire de sal com alguém isso indicava ter uma amizade de longa data. Muitas vezes para falar em ajuntamento e reunião os gregos usavam a expressão “comer sal com.” Entre os romanos o sal simbolizava graça, jovialidade, mas também um dito mordaz, bem como inteligência e bom gosto. A importância do sal na vida diária dos romanos era tal que os legionários eram remunerados com uma quantia básica para comprar sal: o </span><span style="FONT-STYLE: italic"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">salarium</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">. Daí vem o conceito de salário, remuneração.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo4q9uWASoUNXtmGE6qCBisMUI9sttzd9v4wpALooAA2ZS0J6PVl_1F8am5uGh_Zs4nBoEMpcosMvaX3YEG0fBcXMDc63ECbxJ_B83I2aWBfdAGa3Ew6F3r_62G5WF7sA98tNaqIBwV5Y/s1600-h/torricella_ponte_sambuco_h.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5346207435090495298" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 252px; CURSOR: hand; HEIGHT: 209px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo4q9uWASoUNXtmGE6qCBisMUI9sttzd9v4wpALooAA2ZS0J6PVl_1F8am5uGh_Zs4nBoEMpcosMvaX3YEG0fBcXMDc63ECbxJ_B83I2aWBfdAGa3Ew6F3r_62G5WF7sA98tNaqIBwV5Y/s320/torricella_ponte_sambuco_h.jpg" border="0" /></a> Na imagem ao lado, trecho da antiga <i>Via Salaria</i>, Itália, importante no comércio de sal na Roma antiga. No antigo Oriente Médio (onde se desenrola a maior parte da história bíblica) se confirmava um compromisso por meio de presentes de sal, o qual era o símbolo da fidelidade, da constância e da hospitalidade.</span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">No Antigo Testamento, o sal também tem grande importância econômica e simbólica. Usado como condimento (Jó 6.6) e anticéptico (Ezequiel 16.4), dentre outros usos, o sal era essencial para os hebreus, cuja dieta básica era de vegetais, garantido o sabor e a preservação dos alimentos. A Lei dizia que toda oferta de manjares deveria ser temperada com sal (Levítico 2.13; Ezequiel 43.24) bem como o incenso sagrado (Êxodo 30.35). Em contraste com o fermento e o mel que eram proibidos (Levítico 2.11), o sal tem licença de acompanhar as ofertas de manjares no altar: símbolo da permanência em contraste com o fermento e o mel que simbolizariam a mudança e o disfarce:</span><span style="FONT-STYLE: italic"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">"Toda oferta dos teus manjares temperarás com sal; à tua oferta de manjares não deixarás faltar o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas aplicarás sal”</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> (Levítico 2.13). A aliança de Deus com o seu povo era chamada de aliança de sal (Números 18.19; 2Crônicas 13.5) para expressar sua firmeza e durabilidade. </span><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuai93QNtgdS66b5ZLo9Qt1UOk2NBtxLItWIzAMhrDmg4Esgj2XtI2Sg2sOyjH9T_Ofi4sKhYlitMj-WcXG-5hs7t9OkiC1uGHFjEGaA60pVYOQKGMNcjronepcnU7Hg1MdmgYy9nSTvo/s1600-h/covenant_ill.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5346195327177206466" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 168px; CURSOR: hand; HEIGHT: 203px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuai93QNtgdS66b5ZLo9Qt1UOk2NBtxLItWIzAMhrDmg4Esgj2XtI2Sg2sOyjH9T_Ofi4sKhYlitMj-WcXG-5hs7t9OkiC1uGHFjEGaA60pVYOQKGMNcjronepcnU7Hg1MdmgYy9nSTvo/s400/covenant_ill.jpg" border="0" /></a><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Como está escrito: "</span><span style="FONT-STYLE: italic"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Não vos convém saber que o SENHOR, Deus de Israel, deu para sempre a Davi a soberania de Israel, a ele e a seus filhos, por uma aliança de sal</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">?"(2 Crônicas 13.5). Ao lado, ilustração de uma aliança selada com sal.</span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Por sua simbologia da durabilidade, o sal também era símbolo de um juízo ou maldição perene (Deuteronômio 29.23; Jeremias 17.6). Sendo assim após a destruição de uma cidade era costume lançar sal no seu solo como símbolo de juízo perpétuo, infertilidade e maldição (Juízes 9.45).</span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">No Novo Testamento, Jesus e Paulo aprofundam o simbolismo do sal na sua qualidade de preservar e dar sabor as coisas: o cristão é o sal da terra (Mateus 5.13); portanto deve ter sal em si mesmo e paz com os outros (Marcos 9.50) tendo sempre uma boa palavra “temperada com sal”(Colossenses 4.6a). </span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Abaixo, foto de uma punhado de sal com uma citação bíblica em inglês de Lucas 14.34: </span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">"O sal é certamente bom; caso, porém, se torne insípido, como restaurar-lhe o sabor?"</span></i></div><p></p><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><div><br /></div><br /></span><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAuuN3ApIl4iYkBr7En4x7pYgHrUqtm5Bqly5y4CXjq-FGR9we-MZHtIcCiHRG3Wu7CzGoxBNseOd1ip3nkwUr88xlJ1JxDzLlF4JvxFiaO8PiNyswp8UBHWyRSWHmME_-8pXXPNUWBsg/s1600-h/biblicalsalt.gif"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5346187971027241538" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 337px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAuuN3ApIl4iYkBr7En4x7pYgHrUqtm5Bqly5y4CXjq-FGR9we-MZHtIcCiHRG3Wu7CzGoxBNseOd1ip3nkwUr88xlJ1JxDzLlF4JvxFiaO8PiNyswp8UBHWyRSWHmME_-8pXXPNUWBsg/s400/biblicalsalt.gif" border="0" /></a> <div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">A história da Igreja mostra que os cristãos começaram como uma comunidade pequena sem poder e influência e no decorrer do tempo passou a salgar a sociedade na política, nas artes, nas ciências... Porém, muitas vezes a presença da Igreja na sociedade foi quantitativa, não qualitativa, havendo na realidade uma deterioração do sal. A Reforma Protestante surgiu visando resgatar o sabor do sal bíblico, procurando impactar a sociedade com valores cristãos. No Brasil, a presença protestante, por ser minoritária e perseguida, desenvolveu-se como uma comunidade de gueto que, embora crescente, volta-se para si mesma. Era “o sal dentro do saleiro”. O célebre historiador do protestantismo brasileiro Antônio Gouvêa Mendonça dizia que “</span><span style="FONT-STYLE: italic"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Não há um impacto protestante na cultura brasileira</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">”[1]. Porém, com o decorrer dos anos, os evangélicos começaram a perceber o Brasil enquanto sua pátria não apenas como campo missionário. As pesquisas do IBGE foram mostrando o crescimento do protestantismo brasileiro, em especial do pentecostalismo, e de sua atuação principalmente no campo social e político. Nesse sentido a socióloga Claudia Mafra afirma que “</span><span style="FONT-STYLE: italic"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">os evangélicos expõe uma opinião diferencial porque estão bastante sensíveis aos mecanismos populares de experimentação e de formação de opinião</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">”[2]. Na última semana de maio deste ano, </span><i><span class="Apple-style-span" style="FONT-WEIGHT: normal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">O Jornal Nacional</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="FONT-WEIGHT: normal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> exibiu uma série de reportagens falando não só da atuação social dos evangélicos, mas do seu trabalho voltado para a transformação de vidas.</span></span></div><span class="Apple-style-span" style="FONT-WEIGHT: normal"><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">A presença evangélica na cultura brasileira foi tão crescente que seu segmento mais fechado, o Pentecostalismo, de comunidade de gueto passou a se incorporar a cultura brasileira.<br /></span><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAFr6kwPg6YCxCbg2agm_0AMrKxnv4RZrVTVTeq50927BnTdj4ALhNfYrSC_Wns3jqdG9Zy0zSWmAquDakn3q6umIEwfsuu5_V4FRx34FUaLXI7Y6zxF0eRps2H8-Ob95CIOSckodNrDU/s1600-h/mar+morto2.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5346195916769977954" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 272px; CURSOR: pointer; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: justify" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAFr6kwPg6YCxCbg2agm_0AMrKxnv4RZrVTVTeq50927BnTdj4ALhNfYrSC_Wns3jqdG9Zy0zSWmAquDakn3q6umIEwfsuu5_V4FRx34FUaLXI7Y6zxF0eRps2H8-Ob95CIOSckodNrDU/s400/mar+morto2.jpg" border="0" /></a> <div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Segundo Flávio Conrado, pesquisador do Instituto de Estudos da Religião, “<em>ao contrário do que acontecia antes o pentecostalismo já não é mais visto como uma “invasão cultural”, e sim como parte dos processos constitutivos nacionais, enraizando-se, dessa forma, na vida social, cultural e política do país</em>” [3]. No entanto, ainda há muito que ser feito, pois há muito que salgar no nosso Brasil. A constante deterioração dos valores morais e da família, os escândalos políticos e infelizmente, até o mau testemunho de muitos ditos evangélicos fazem urgir que a Igreja do Senhor deixe de voltar-se para si mesma e saia do saleiro para cumprir sua missão de sal da terra e luz do mundo. Não nos esqueçamos das palavras de Jesus: “<em>Bom é o sal; mas, se o sal vier a tornar-se insípido, como lhe restaurar o sabor? Tende sal em vós mesmos e paz uns com os outros</em>” (Marcos 9.50).Acima, imagem do Mar Morto, Israel, e sua inigualável reserva de sal.</span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><br /></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">NOTAS</span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">[1] MENDONÇA, A. G. </span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">O Celeste Porvir: a inserção do protestantismo no Brasil</span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">. São Paulo: ASTE, 1995. p.15;</span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">[2] MAFRA, Cláudia. </span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Os Evangélicos</span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2001, p.77.</span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">[3] Segmento protestante que crê na atualidade do batismo do Espírito Santo e suas manifestações em especial a glossolalia, ou “falar em línguas estranhas”.</span></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">[4] CONRADO, Flávio. </span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">A reinvenção da Fé Protestante</span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">. In: Nossa História, nº 38, Rio de Janeiro: Vera Cruz, 2006, p.34.</span></div></span></div></span>Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-59791562629022392042008-12-22T09:41:00.004-02:002009-05-31T14:49:50.954-03:00NATAL: FELIZ ANIVERSÁRIO OU FELIZ FESTA?<div align="justify">Tradicionalmente o Natal é a celebração do aniversário de Jesus Cristo. Já é bem conhecido o fato que Jesus não nasceu em 25 de dezembro e que o Cristianismo antigo aproveitou esta data para substituir uma festa pagã de adoração ao sol que se realizava neste dia e estava arraigada na vida do povo. Para alguns foi uma visão estratégica dos antigos líderes cristãos; para outros foi um horrível sincretismo com o paganismo. Abaixo, a <span style="font-style:italic;">Natividade</span> por Gustave Doré.</div><div align="justify"><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilfImRO2hDKJBlLWfw_tMGPPuuzR_O5VEg9briPFAiAv6Y_77GLEdcN9Ep4KVzMlUxK8hhCms-9VHeSMD9maK5bP4XnRtNb5l1KGcZzyW1ZCUGzFXT9FUSZLRXIawmvgi4QyXGpm1Q-2Q/s1600-h/nativity.png"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 379px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilfImRO2hDKJBlLWfw_tMGPPuuzR_O5VEg9briPFAiAv6Y_77GLEdcN9Ep4KVzMlUxK8hhCms-9VHeSMD9maK5bP4XnRtNb5l1KGcZzyW1ZCUGzFXT9FUSZLRXIawmvgi4QyXGpm1Q-2Q/s400/nativity.png" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5342041563938909154" /></a><br />Mas independente do ponto de vista, o fato é que o Natal se consolidou como uma festa da Cristandade. Nesta época, cristãos autênticos, cristãos nominais e não cristãos são alcançados pelas festividades, símbolos e as narrativas do nascimento de Cristo. Sendo assim, considero o Natal uma excelente oportunidade para evangelizar, para se convidar pessoas aos cultos, onde geralmente as tradicionais cantatas e peças de Natal são um forte atrativo para visitantes ouvirem a mensagem do Evangelho. Aceitando-se ou não, armam-se os presépios, os quais retratam o nascimento do Deus-homem; querendo ou não, Jesus passa a ser comentado, discutido, amado e injuriado: ninguém fica indiferente. Até que chega o Papai Noel.<br />Jesus é o "aniversariante", mas hoje a principal pessoa da festa é um velhote gordo, bonachão, vestido de vermelho cuja única expressão intelectual conhecida é: <em>"ho, ho, ho, ho!". </em>Percebe-se que ele tem muito a nos dizer. A lenda do Papai Noel originou-se em fins do século XVII na Inglaterra. <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-Y-YIadPi8B6c9ieFkZE0cSQVZlQoX5hXJGVgfj2fVD9snGhnQh5J4EWSntdrR7Uh6znxYsllBc8LVIsgbbyipQZgiBm_Ae8oh1zaAzK0aiHdyfpZ7VfJOgKYLAkuyySch87fRpBbxTI/s1600-h/clement_c_moore-200x335.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5282590461647173346" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 119px; CURSOR: hand; HEIGHT: 200px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-Y-YIadPi8B6c9ieFkZE0cSQVZlQoX5hXJGVgfj2fVD9snGhnQh5J4EWSntdrR7Uh6znxYsllBc8LVIsgbbyipQZgiBm_Ae8oh1zaAzK0aiHdyfpZ7VfJOgKYLAkuyySch87fRpBbxTI/s200/clement_c_moore-200x335.jpg" border="0" /></a> Parece ter ido aos Estados Unidos através dos holandeses que o chamavam com o nome de <em>Sinterklass</em>, ou o homem que gostava de crianças. Ainda no século XVII, a lenda chegou a Nova Amsterdã (ou futura Nova Iorque) com os holandeses e <em>Sinterklass</em> foi rebatizado como Santa Claus.Porém a popularização do Papai Noel nos Estados Unidos se deve ao poema <em>Visit from St. Nicholas</em> (Uma visita de São Nicolau) de 1822 atribuída a Clement C. Moore (1779-1863) <em>[Imagem ao lado]</em> A tradicional imagem do "bom" velhinho foi imortalizada pelo cartunista Thomas Nast em 1863 na revista <em>Harpers Weekly</em> e popularizada mundialmente pela campanha publicitária da Coca-Cola a partir de uma campanha puiblicitária de 1931. Há quem diga que a Empresa foi quem criou a atual imagem do Papai Noel; porém, antes de 1931 o "Bom" Velhinho já era retratado com suas cores e características habituais.<br />Com o aumento da influência dos Estados Unidos sobre o mundo, as tradicionais figuras do inverno do hemisfério norte (renas, trenós, pinheiros, neve, nozes, etc.) foram transportadas para os Trópicos, nos quais, em pleno verão, países como o Brasil cometem a incoerência de aderir a essas imagens que vêm de um inverno que não tem nada a ver com o clima tropical.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi80DTI7502Bvgl-Dr0ySuGU60wjIoS0gbVpi55yLRqOC1J_cCQdi1PjK3n_89nxJUIS4iSK-CJcbecxP0XujfaCAKn0anTPOJ9p0ZtB-sFuSdXUcxTtxwUurJy4SVAZPI4itj0Lq9nQMY/s1600-h/nic.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 104px; height: 138px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi80DTI7502Bvgl-Dr0ySuGU60wjIoS0gbVpi55yLRqOC1J_cCQdi1PjK3n_89nxJUIS4iSK-CJcbecxP0XujfaCAKn0anTPOJ9p0ZtB-sFuSdXUcxTtxwUurJy4SVAZPI4itj0Lq9nQMY/s400/nic.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5342044027468251586" /></a><br />As raízes da lenda do Papai Noel remontam a Nicolau, bispo de Mira, cidade da Ásia Menor (atual Turquia), no século IV d.C. Ao lado, ícone de São Nicolau.<br />Nicolau se notabilizou pela grandeza de seu caráter que se mostrava pelo cuidado com os pobres e necessitados; costumava dar presentes caritativos às escondidas. Após sua morte, muitas lendas surgiram em torno dele até se configurarem no velho Noel. Entendo que seria mais benéfico divulgar a história do bispo Nicolau e de sua ajuda ao próximo do que a fantasiosa figura do Papai Noel. Hoje o que domina o período natalino é mais um consumismo desenfreado do que o amor ao próximo. E pior: a cada ano o Aniversariante vem sendo mais esquecido. Há pouco tempo, a Mídia falava mais sobre Jesus. Na TV sempre passava algum filme bíblico, em especial o clássico <em>Rei dos reis</em> (1961) com Jeffrey Hunter. Agora, em pleno Natal, tais filmes ou menções a Jesus são raras na Mídia, enquanto a figura do Papai Noel cresce em divulgação. As crianças aprendem a esperar a vinda do Papai Noel, mas não aprendem a esperar a vinda de Cristo! E depois queremos saber porque os nossos adolescentes não obedecem mais aos pais, isto quando não os roubam ou matam, como tantas vezes noticiado.<br />Papai Noel pra lá, Papai Noel pra cá, e o Aniversariante está sendo expulso de sua própria festa!!! Celebra-se a festa, mas não se parabeniza o Aniversariante!!! Mas será que Jesus e sentiria a vontade em nossas festas natalinas? Será que elas são assim tão impregnadas do espírito natalino? Nem as tradicionais músicas natalinas são mais executadas! Em plena festa de Natal se tocam <em>funks</em> com letras que fariam o comediante Costinha ficar envergonhado! Bebedeiras, orgias, adultérios, brigas, roubos, opressões são realizadas no Natal. Tudo é vão se Jesus não nascer na manjedoura do nosso coração; o Natal não passará de uma farsa sócio-religiosa da qual ele não participa.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKS7mzWoxJiD1B6yaGszIFibEkXXLhhAsWVu0RICyOUIerdMRF77tAzAKdosI05lIOwQOSHg4fB04Cg3kR9yXSoY_dO2vfBEH186tGkv5uPPHh0i2sJjrxTNevJJKpms06oUs6PW6EoKA/s1600-h/porta.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 113px; height: 150px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKS7mzWoxJiD1B6yaGszIFibEkXXLhhAsWVu0RICyOUIerdMRF77tAzAKdosI05lIOwQOSHg4fB04Cg3kR9yXSoY_dO2vfBEH186tGkv5uPPHh0i2sJjrxTNevJJKpms06oUs6PW6EoKA/s400/porta.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5342046517524257762" /></a><br />O Natal pode ser uma festa linda se ele for vivido antes e depois do dia 25 de dezembro.Reflita: Jesus está presente no seu Natal? Ele tem se agradado de sua vida?Se ele é o aniversariante dê o presente que ele quer receber: <em>"Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus caminhos",</em> Provérbios 23.26. Se Jesus está de fora de sua festa de Natal leia o que ele te diz: <em>"Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo"</em> Apocalipse 3.20. Ao lado, ilustração do versículo retro citado.<br />Que assim seja em nossa vida, pois "bate o sino/pequenino/sino de Belém/já nasceu Deus-menino/para o nosso bem".</div>Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-10393140922510061822008-11-15T13:29:00.003-02:002012-07-09T10:45:02.958-03:00FOI A MAÇÃ O FRUTO PROIBIDO?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjilzaaRq_vhcfC8FsS65siIS1VX2KJ0dtS26bEgh2cnMsYSGGlogxJ-czJFFsOmJffRERHA6CtVbafH5KrY0Vk3MbrRRNsqwYd9PR5weVCSv_0qZaSEpzt1BvIptToI3R_BqHk_5-HvQM/s1600-h/ma%C3%A7a.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268908363538006706" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjilzaaRq_vhcfC8FsS65siIS1VX2KJ0dtS26bEgh2cnMsYSGGlogxJ-czJFFsOmJffRERHA6CtVbafH5KrY0Vk3MbrRRNsqwYd9PR5weVCSv_0qZaSEpzt1BvIptToI3R_BqHk_5-HvQM/s320/ma%C3%A7a.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; float: right; height: 175px; margin: 0 0 10px 10px; width: 230px;" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Estreou em 12 de novembro de 2008 em São Paulo o espetáculo <em>A Culpa é da Maçã</em> no Núcleo Experimental de Teatro Contemporâneo. A peça, escrita e dirigida por Ronaldo Tasso, traz uma versão cômica da história de Eva e do fruto proibido propondo-se a analisar o destino da mulher e sua culpa pelo pecado original. A atriz Suzana Apelbaum protagoniza Eva em três histórias atuais com emoções, distúrbios e tensões contracenando apenas com uma enorme ampulheta que marcará o tempo divino concedido à Eva. A peça dá ensejo a uma antiga pergunta: teria sido a maçã o fruto proibido relatado em Gênesis? O relato bíblico da criação do homem, do jardim do Éden e da Queda (Gênesis capítulos 2 e 3) menciona apenas um fruto sem especificar qual seria. Por que então esse fruto foi identificado com a maçã?</div>
<div style="text-align: justify;">
Durante séculos os teólogos judeus e cristãos procuraram identificar o malfadado fruto. Nessa tentativa as principais frutas “candidatas” foram: a uva, figo e a maçã.</div>
<div style="text-align: justify;">
Na tradição judaica, predominou, dentre outras, a identificação com a uva e o figo. Segundo essa tradição, Eva comeu e utilizou a uva para fazer vinho, que então serviu ao companheiro. Outra vertente afirma que foi o figo. Após comerem o fruto da Árvore, Adão e Eva se conscientizam que estão nus: a vergonha veio ao mundo através do pecado. Eles produzem roupas a partir das folhas da figueira. </div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRiBJL1Y7T_dmn0JjUcV0U1FPj3gfVoCBgIG1JV3lWIcpcAS9xS6AgfnAJcNSeYDU2Y2S2TELRCxoAy_GySVqSS0ag2WGwlDJm_qTBnICYmO5a-YMcxzGCbGmmERjEHDQN2JkuHgQQJSk/s1600-h/Adam_&_Eve_01.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268911199476778306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRiBJL1Y7T_dmn0JjUcV0U1FPj3gfVoCBgIG1JV3lWIcpcAS9xS6AgfnAJcNSeYDU2Y2S2TELRCxoAy_GySVqSS0ag2WGwlDJm_qTBnICYmO5a-YMcxzGCbGmmERjEHDQN2JkuHgQQJSk/s320/Adam_&_Eve_01.jpg" style="cursor: pointer; float: left; height: 320px; margin-bottom: 10px; margin-left: 0px; margin-right: 10px; margin-top: 0px; text-align: justify; width: 306px;" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Alguns sábios judeus explicam que essas roupas foram feitas com as folhas da árvore do fruto proibido, no caso, então, o figo. Ambas as frutas são usadas nas festas judaicas e simbolizariam o que a Cabala [1] chama de “Tikun”, retificação espiritual, onde a mesma fruta que foi consumida em pecado é usada em um ato de santificação quando o homem santifica o mundo físico, utilizando seus elementos com propósito sagrado. A maçã na tradição judaica é o símbolo da casa e família, do otimismo por um futuro mais glorioso, da tenacidade do espírito e determinação judaica. Tem um lugar de honra na mesa de Rosh Hashaná, como um precursor de boas coisas e de um ano bom e doce para todos.</div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVMn81ZSPM7DaTPPMGHiK9kP_zm1kMj2HrFXasV6xHSRSiPioLJls1jHplgimwA88fitx3rU7ZlaAIfKneMvf_Wbo3R0oeUXGtU80Ke83W2NFp_4r_3fZMkCjBhyD7cuBRe3tZmvyAx-E/s1600-h/apple_honey_1.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268913025552027890" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVMn81ZSPM7DaTPPMGHiK9kP_zm1kMj2HrFXasV6xHSRSiPioLJls1jHplgimwA88fitx3rU7ZlaAIfKneMvf_Wbo3R0oeUXGtU80Ke83W2NFp_4r_3fZMkCjBhyD7cuBRe3tZmvyAx-E/s320/apple_honey_1.jpg" style="cursor: pointer; float: right; height: 320px; margin-bottom: 10px; margin-left: 10px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify; width: 240px;" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na Bíblia a macieira e seu fruto [2] são citados em Provérbios 25.11; Cantares 2.3; 7.8 e 8.5; Joel 1.12. A Bíblia refere-se a cidades e pessoas que tiveram seus nomes (Tapua, na versão de João Ferreira de Almeida) ligados à maçã conforme o significado etimológico: Josué 12.17; Josué 15.34, 53; Josué 16.8; Josué 17.7,8; 1Crônicas 2.43</div>
<div style="text-align: justify;">
Na tradição cristã, embora levasse em consideração a uva e o figo, predominou a identificação do fruto proibido com a maçã principalmente a partir do século XIII. As razões para a identificação são as seguintes:</div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo o Rabino Berel Wein “existe uma fonte judaica que diz que a maçã seria uma fruta fatal, citada no Midrash [3], porém esta não possui o peso de uma autoridade, como a declaração no Talmud [4]. O mundo cristão, por razões desconhecidas, adotou a visão deste Midrash e tudo o que diz respeito à arte, história e tradição religiosas nos últimos 1,500 anos dão à maçã um nome ruim.”[5]</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma das razões desconhecidas do Rabino Wein para que a maçã fosse associada ao fruto proibido é a tradução do texto hebraico de Gênesis 2.17 para o latim (“<i>de ligno autem scientiae boni et mali</i>”) feita pelo célebre biblista Jerônimo (347-420 d.C.), autor da tradução bíblica latina conhecida como Vulgata. Em latim as palavras “maçã” e “mal” são homônimas : “malum”. Assim o <i>Lignus Mali</i>, árvore do mal, passa a ser árvore da maçã. Some-se a isso o uso da maçã em várias culturas pagãs que existiram conjuntamente com as tradições cristãs medievais que associavam a maçã à cultos da fertilidade, à magia, à felicidade, à lugares fabulosos, ao conhecimento... Por força dessas tradições a partir do século XIII a maçã fixou-se no imaginário comum como o fruto proibido, símbolo do prazer pecaminoso, da tentação.</div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2FEU3-VX40dQfmGhS4MObeJ1TBaMnPR2G6cA82RqH1fdqJG783Rhe52UO5FPg5wEsSDHnpwQ7xWDBU3k9yAg4OMYxBKSpob3TJBVrGjIytPq0zHU0l1GKyQnW_b6XK7yXeqPROPkVX4o/s1600-h/99655~St-Jerome-in-His-Study-1480-Posters.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5268917467003147650" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2FEU3-VX40dQfmGhS4MObeJ1TBaMnPR2G6cA82RqH1fdqJG783Rhe52UO5FPg5wEsSDHnpwQ7xWDBU3k9yAg4OMYxBKSpob3TJBVrGjIytPq0zHU0l1GKyQnW_b6XK7yXeqPROPkVX4o/s320/99655~St-Jerome-in-His-Study-1480-Posters.jpg" style="cursor: pointer; float: left; height: 320px; margin-bottom: 10px; margin-left: 0px; margin-right: 10px; margin-top: 0px; text-align: justify; width: 240px;" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como o senso comum tem grande força, faz-se necessário esclarecer, em síntese, que a identificação do fruto proibido com a maçã não deriva da Bíblia nem da tradição judaica sendo antes tal identificação formada a partir da ambigüidade da tradução do texto bíblico hebraico para o latim somado à tradições pagãs coexistentes com o cristianismo medieval. Evidentemente, não é impossível que o tal fruto tenha sido a maçã. Mas, o principal da narrativa bíblica é a mensagem do livre-arbítrio, das mentiras de Satanás (“a serpente antiga”, Apocalipse 12.9; 20.2), da sedução do pecado, da perda de comunhão com Deus, a principal tragédia ocorrida no Éden.</div>
<div style="text-align: justify;">
Alegoricamente falando, muitos frutos aparecem na nossa jornada de vida prometendo-nos coisas agradáveis, sensações tremendas, liberdade, plenitude de vida. Como Adão e Eva concentramo-nos na única coisas proibida e esquecemos que temos um jardim com tantas coisas aprazíveis. Longe de ser mero simbolismo, o fruto proibido é um alerta para não esquecermos que aquilo que temos em Deus é melhor do que aquilo que ele nos proíbe.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">NOTAS:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">[1] CABALA: Do hebraico </span><em><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">qabbalah</span></em><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">, 'tradição', também aplicado à interpretação do Velho Testamento, pelo latim medieval, </span><em><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">cabbala</span></em><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">. Os judeus utilizam na língua portuguesa a grafia e pronúncia Cabalá. A Cabala é um tratado filosófico-religioso hebraico, que pretende resumir uma religião secreta que se supõe haver coexistido com a religião popular dos hebreus. O conteúdo desse tratado trata, particularmente da decifração de um sentido secreto da Bíblia e uma teoria e um simbolismo dos números e das letras.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">[2] MACIEIRA, MAÇÃ: no hebraico </span><em><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">tappuach</span></em><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"> palavra associada à exalação de agradável odor. Alguns estudiosos questionam se o texto bíblico se refere à fruta que conhecemos como maçã ou a outra fruta, porém prevalece o entendimento tradicional. No mundo bíblico a macieira era uma planta rara e associada ao prazer, ao bem-estar e à realeza.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">[3] MIDRASH: em hebraico, significa interpretar ou aprofundar. É uma forma narrativa criada por volta do século I a.C. na Palestina pelo judeus. Esta forma narrativa desenvolveu-se através da tradição oral até ter a sua primeira compilação apenas por volta do ano 500 d.C. no livro Midrash Rabbah. Existem dois tipos de midrash: o halacá e o hagadá. O midrash halacá explica e comenta, atualizando as leis judaicas. O midrash hagadá amplia histórias bíblicas enfeitando-as com dados verdadeiros, legendários ou fantásticos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">[4] TALMUD: Doutrina e jurisprudência da lei mosaica, com explicações dos textos jurídicos do Pentateuco, e a Mishná, i. e., a jurisprudência elaborada pelos comentadores entre o III e o VI séculos. Vem do hebraico </span><em><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">talmud Torah</span></em><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">, estudo da Torá.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">[5] WEIN, Rabino Berel. </span><em><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Maçãs e Mel: Descobrindo as origens tradicionais e o significado de uma das comidas mais famosas de Rosh Hashaná</span></em><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">.</span></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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REFERÊNCIAS:</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
CASELLA, Cláudia. <em>Afinal, qual era o fruto proibido?</em>Disponível em: http://www.claudiacasella.blog.br/?p=118</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
DJMAL, Tev. <em>Revisitando o Jardim do Éden</em>. Disponível em: http://www.morasha.com.br/conteudo/artigos/artigos_view.asp?a=713&p=3</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
FOLHA ONLINE. <em>Comédia aborda a culpa da mulher pelo pecado original</em>.</div>
<div style="text-align: justify;">
Disponível em: http://guia.folha.com.br/teatro/ult10053u466972.shtml</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
MIDRASH. Artigo da Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Midrash</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
MORAES, Gerson Leite. <em>Paul Ricoeur: uma hermenêutica enriquecida</em>. In: Último Andar, Caderno de Pesquisas da Religião, nº 13. Disponível em: www.pucsp.br/ultimoandar/download/Ultimo_Andar</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
STADELMANN, Luis I. J. <em>Cântico dos cânticos</em>. Edições Loyola, 1993. Disponível em: http://books.google.com.br</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
WEIN, Rabino Berel. <em>Maçãs e Mel: Descobrindo as origens tradicionais e o significado de uma das comidas mais famosas de Rosh Hashaná</em>. Disponível em: http://www.aishbrasil.com.br/new/artigo_maca_mel.asp</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
ZIERER, Adriana. <em>Significados medievais da maçã: fruto proibido, fonte do conhecimento, ilha Paradisíaca</em>. In: Revista Mirabilia nº 1. Disponível em: http://www.revistamirabilia.com/Numeros/Num1/maca.htm.</div>
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<br /></div>
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IMAGENS:</div>
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1ª: A atriz Suzana Apelbaum protagonizando Eva na peça <em>A Culpa é da Maçã</em>.</div>
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Fonte:http://guia.folha.com.br/teatro/ult10053u466972.shtml</div>
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2ª: A tentação de Adão e Eva. Pintura de c. de I-IV d.C. na catacumba de São Marcelino e São Pedro, Roma, Itália. Fonte:http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Adam_%26_Eve_01.jpg</div>
<div style="text-align: justify;">
3ª: Maçã com mel, prato típico da festa do ano novo judaico, o Rosh Hashana.</div>
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Fonte:nightingale-r3.livejournal.com</div>
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4ª: Jerônimo em seu estúdio de tradução (<em>St. Jerome in His Study</em>, 1480,Domenico Ghirlandaio. Fonte:www.allposters.com</div>Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-77055640926823632682008-11-02T21:29:00.000-02:002008-11-02T22:19:24.774-02:00SENTENÇA DE PILATOS - PARTE VIII<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg04HOApxRanZx2aZk3mLhqsj7yee97A-tIKVU4H7ibAgJ4BeUyL7tanPwhiFV2r8ak8DarkQzmNbObshwGDeZY5XKicAO_WBmDdmEgFnJ0uS5kSTGteuxWq45D82Dm8PH0Vw44RuO27UQ/s1600-h/Pilate1.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 214px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg04HOApxRanZx2aZk3mLhqsj7yee97A-tIKVU4H7ibAgJ4BeUyL7tanPwhiFV2r8ak8DarkQzmNbObshwGDeZY5XKicAO_WBmDdmEgFnJ0uS5kSTGteuxWq45D82Dm8PH0Vw44RuO27UQ/s320/Pilate1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5264218041025242274" /></a><br /><strong><em>CONCLUSÃO</em></strong><br /><br />Tendo em vista o escrito nas sete partes desse estudo, assim concluímos:<br />Circula em abundância na <em>internet </em> texto da sentença que Pilatos prolatou contra Jesus. Em resumo, os textos dos <em>sites</em>, em sua maioria <em>blogs </em>, afirmam:<br />Que existe no Arquivo Geral de Simancas (Espanha) uma cópia da sentença condenatória de Cristo a qual foi encontrada pelos espanhóis próxima a cidade de Áquila no reino de Nápoles em 1580.<br />Outra versão, diz que foi em 1820 no mesmo local, porém teria sido encontrada pelos franceses; o documento teria ficado com Cartuxos e depois na Capela Real de Caserta em Nápoles; uma cópia foi feita pelos franceses e posteriormente vendida a um lorde inglês.<br />Muitos <em>blogs</em> proclamam tal "descoberta" como uma peça histórica autêntica.<br />Pesquisando em livros e em sites da <em>internet</em> constatei:<br />Que realmente existe uma cópia da tal Sentença no Arquivo de Simancas; porém a referida cópia está em italiano do século XVI e é reputada como peça apócrifa ou talvez uma farsa de estudantes da cidade de Áquila. Existem outras cópias: uma com o estudioso Aurélio de Santis e outra no Museu Nacional de Nápoles.<br />A "descoberta" francesa foi noticiada pelo jornal <em>Le Droit</em> em 1839 e a partir dele circulou em outros jornais; mas desde a época da publicação tal descoberta foi criticada e a Sentença tida como um texto espúrio. Essa tal cópia não possui nem "original" para se verificar tendo apenas como fonte a publicação do texto em jornais do século XIX.<br />Além dessas questões, o texto da Sentença contém uma série de erros históricos e bíblicos que a invalidam como o documento que pretende ser. O triste é que vemos nos <em>blogs</em> de alguns pastores tal documento sendo apresentado como histórico.<br />A polêmica faz parte do amadurecimento do pensar. E a Bíblia diz em 2 Coríntios 13:8: <em>"Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade".</em><br />Espero que o presente estudo tenha servido para edificação dos que o leram.<br />A graça e a paz de Cristo Jesus, o qual no Juízo final encontrará Pilatos, não mais como réu, mas como juiz.<br /><br />* Na imagem acima, moedas do tempo de Pilatos. Disponível em: http://www.forumancientcoins.com/Articles/Pontius%20Pilate/Images/Pilate1.jpgJoalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-71994224789333821072008-11-02T18:43:00.001-02:002008-11-04T21:02:44.985-02:00SENTENÇA DE PILATOS - PARTE VII<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGWebxXQKM_sbzYhZW6ajNctVBQu0CCI5X7MVnrZCgnSbS8bWf2ZLYIYKytoT5Tx_dT1KKorvtppjuKf7PJYaA9nzKdnPyPgNQcPoCNhZmrCcMmTR-jESQ7U5yHglK4MXRKA38jIOeOwA/s1600-h/Caesarea.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 225px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGWebxXQKM_sbzYhZW6ajNctVBQu0CCI5X7MVnrZCgnSbS8bWf2ZLYIYKytoT5Tx_dT1KKorvtppjuKf7PJYaA9nzKdnPyPgNQcPoCNhZmrCcMmTR-jESQ7U5yHglK4MXRKA38jIOeOwA/s320/Caesarea.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5264200226359539970" /></a><br /><div align="justify"><strong>Os erros históricos e bíblicos da Sentença de Pilatos</strong><br /><br />Além de toda problemática em torno da “descoberta” da sentença de Pilatos, o texto contém erros históricos e bíblicos que veremos a seguir. A versão base será a do Arquivo de Simancas havendo indicação quando se comentar a versão francesa.</div><div align="justify"> </div><div align="justify"><br /><em>1. O Idioma da Sentença</em><br /><br />Todas as versões afirmam que o documento “original” estava em hebraico. O recurso a um “original” hebraico é comum nos livros apócrifos para emprestar antiguidade e autenticidade ao documento. Porém,sabe-se que os documentos oficiais romanos eram escritos em latim, não obstante o grego também fosse muito usado principalmente na parte oriental do Império. Nos dias de Jesus, os judeus falavam principalmente o aramaico; o hebraico era restrito à leitura bíblica, às orações; era uma língua litúrgica e erudita, como o latim o foi na Idade Média. Portanto a sentença de Pilatos jamais teria sido escrita em hebraico. </div><div align="justify"><br /><br /><em>2. A Data da Sentença</em><br /><br />O texto diz que a Sentença foi proferida em 25 de março do ano 17[1]de Tibério, ou seja, 29/30 d.C. Baseados nos informes dos Evangelhos, nos de outros escritos antigos e em dados astronômicos, os pesquisadores do Jesus histórico[2] apontam como datas possíveis para a morte de Jesus como sendo 7 de abril de 30 ou 3 de abril de 33. Portanto, se o ano coincide, o dia está errado.<br /></div><div align="justify"><br /><em>3. O Estilo da Sentença</em><br /><br />Como já assinalado por Isambert (ver parte VI deste estudo), o estilo da sentença destoa do que se sabe dos textos jurídicos romanos, especialmente em se levar em conta o cômputo do tempo dos judeus (ano da criação, volta do cativeiro) para assinalar a data da prolação da sentença. Para os romanos, especialmente Pilatos que não se preocupava com as sensibilidades judaicas, os judeus eram mais um povo dominado; as leis deles eram respeitadas, mas o que valia era a lei romana. Quem escreveu o texto da sentença fez o povo judeu ter uma parceria judicial com os romanos maior do que a que havia naqueles tempos.<br />A expressão “Império Romano” como um nome oficial do Estado romano é incomum, pois apesar de os romanos terem construído um império, a designação oficial mais comum era SPQR (<em>Senatus populusque romanus</em>, o Senado e o Povo romano). </div><div align="justify">Fato que chama muito a atenção na versão francesa são as expressões <em>"Santa Cidade de Jerusalém"</em> e <em>"sumo sacerdotes e sacrificadores do povo de Deus".</em> Roma não conferiu <em>status</em> sagrado a Jerusalém e ao povo judeu; e muito menos Pilatos, que era antipático à cultura e religião judaicas, ia conferir tais títulos aos judeus e a sua capital. </div><div align="justify"><br />Evidentemente tais expressões são fruto de quem considera Jerusalém uma cidade santa e os judeus, o povo de Deus. <br />Na versão italiana, deve-se notar que a menção de Jesus como "Jesus Cristo" também não tem cunho histórico já que essa designação é posterior a sua ressurreição. O texto também diz que o povo chamava Jesus de "Cristo Nazareno", mas o título mais comum do povo para Jesus era o de profeta (Marcos 8.27-28). <br /><br /><br /><em>4. As Autoridades romanas</em><br /><br />O texto lança diante do leitor vários nomes e cargos a torto e a direito; evidentemente, para dar uma aura de documento oficial; porém, tal recurso é um das falhas mais gritantes do documento.<br />O texto apresenta cônsules do Povo Romano Lúcio Pisano e Maurício Pisarico; porém, no período indicado na sentença (17º ano do governo de Tibério, 29/30 d.C.) foram côsules romanos: C. Fufius Geminus, L. Rubellius Geminus, A. Plautius, L. Nonius Asprenas, M. Vinicius, L. Cassius Longinus, L. Naevius Surdinus e C. Cassius Longinus. </div><div align="left">No texto aparece também um tal de Valério Palestino como proconsul; porém, não havia tal cargo na Judéia e muito menos se sabe quem é esse tal Valério Palestino.</div><div align="left">Mas o erro mais crasso da Sentença é designar Pôncio Pilatos como regente da baixa Galiléia; ora, quem governava a Galiléia era Herodes Antipas; Pilatos era <em>praeffectus</em> ou governador da Judéia, Samaria e Ituréia.</div><div align="left"> </div><div align="left"> </div><div align="left"></div><div align="left"><em><br /><br />5. As Autoridades Judaicas</em></div><div align="left"><em></em></div><div align="left"><br />A lista de nomes das autoridades judaicas ( à exceção de Anás e Caifás) que aparecem nas versões espanhola e francesa da Sentença não são conhecidos nas referências aos notáveis do povo judeu do período nas obras de Flávio Josefo, no Talmude e no Novo Testamento. Alguns nomes são comuns (Daniel, por exemplo). Era comum designar esses notáveis pelo nome do pai ou da localidade de origem, o que não acontece no texto. O nome Capeto (<em>Capet</em> no texto francês) é um nome reconhecidamente francês, não tendo nada a ver com um personagem judeu do século I.</div><div align="left"> </div><div align="left"> </div><div align="left"></div><div align="left"><em><br /><br />6. Os Erros Bíblicos.</em></div><div align="left"></div><div align="left"><br /><br />Na Sentença, Pilatos é que ordena que Jesus seja vestido de púrpura e coroado de espinhos; na Bíblia, isto é de iniciativa dos soldados (Mateus 27.27-31; Marcos 15.16-20; João 19.1-3), embora Pilatos tenha mandado açoitá-lo com o <em>flagellum.</em></div><div align="left">Na Sentença, os líderes judeus concordam com Pilatos que no <em>titulus</em> da cruz deve ser escrito que Jesus é o rei dos judeus; na Bíblia, eles não queriam que tal título fosse escrito na placa (João 19.20-22). </div><div align="left">De um modo geral, deve se frisar que o teor geral da Sentença concorda com os Evangelhos já que responsabiliza em conjunto a Pilatos e a liderança judaica pela morte de Jesus.</div><div align="left"> </div><div align="left"> </div><div align="left"></div><div align="left"><em><br />7. O Calvário e a Porta de Struene</em></div><div align="left"><em></em></div><div align="left"><br />Na Sentença, o Calvário aparece com um monte público de suplício ou justiça; porém, não havia um lugar específico para aplicação da penas; deveria ser somente fora dos muros Jerusalém. Nunca existiu tal porta de Struene ou Estruene em Jerusalém. </div><div align="left"> </div><div align="left"> </div><div align="left"><em></em> </div><div align="left">Apesar de todas estas incoerências, o texto da Sentença de Pilatos, ou melhor suas várias versões, circulam na <em>internet</em> com ares de documento histórico.</div><div align="left"><br /><br />NOTAS<br /><br />*Na imagem acima, foto aérea da cidade de Cesaréia, antiga capital romana da Judéia ( hoje Isarel), onde residiam os governadores romanos. Estes iam à Jerusalém apenas em ocasiões especiais. No sítio arqueológico dessa cidade foi achada uma placa com o nome de Pilatos.<br /><br />[1]Isto é, como está no texto do Arquivo de Simancas. Na <em>internet</em> aparecem também 18 e 19.<br /><br />[2]THEISSEN, Gerd; MERZ, Annette. <em>O Jesus Histórico: um manual</em>. São Paulo:Loyola, 2002, pp. 177-181; CARSON, D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. <em>Introdução ao Novo Testamento</em>. São Paulo: Vida Nova, 1997, p.65.<br /><br />REFERÊNCIAS<br /><br /><em>Bíblia de Jerusalém</em>. VVAA.São Paulo: 1985, Paulinas<br /><br />CARSON, D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. <em>Introdução ao Novo Testamento</em>. São Paulo: Vida Nova, 1997.<br /><br />JEREMIAS, Joachim. Jerusalém nos tempos de Jesus. São Paulo: Paulus, 1983.<br /><br />LISBOA, Walter Eduardo. <em>A Paixão de Cristo segundo Mel Gibson: uma história bem contada?</em> São Paulo: Paulinas, 2005.<br /><br />LISTA DOS CÔNSULES ROMANOS. Disponível em:http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Roman_Consuls<br /><br />THEISSEN, Gerd; MERZ, Annette. <em>O Jesus Histórico: um manual</em>. São Paulo:Loyola, 2002.<br /><br />DANIEL-ROPS, Henri. <em>A vida diária nos tempos de Jesus</em>. são Paulo: Vida Nova, 1986.<br /><br /></div>Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-22608416910356944472008-11-01T18:57:00.000-02:002008-11-04T20:52:59.881-02:00SENTENÇA DE PILATOS - PARTE VI<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAy3Yi7szdMYGk8WbspWp_pqSaACJ-9wHjF7oOiXP2iWh8giqzp5_3gAlM29REGCeAXwGVWMWoIsFkw1dpzUG7cguEiVOvLAfGwcoIGp7j8jfGAyfa-ewh5Zj35483H6QXQjFlqxIhyphenhyphenDI/s1600-h/Dominique-Vivant-Denon-.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 160px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAy3Yi7szdMYGk8WbspWp_pqSaACJ-9wHjF7oOiXP2iWh8giqzp5_3gAlM29REGCeAXwGVWMWoIsFkw1dpzUG7cguEiVOvLAfGwcoIGp7j8jfGAyfa-ewh5Zj35483H6QXQjFlqxIhyphenhyphenDI/s200/Dominique-Vivant-Denon-.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5263804830393838370" /></a><br /><br /><strong>A Sentença de Pilatos à Francesa</strong><br /><br />A Sentença ressurge na França 259 anos depois de sua “descoberta” pelos espanhóis. Em de 1839, o jornal francês <em>Le Droit </em>noticiava que <em>“a ocasião pôs em nossas mãos o documento mais importante dos anais da história humana”</em>, ou seja, uma matéria sobre a sentença que Pilatos proferiu contra Jesus dando a notícia de sua descoberta: o precioso documento teria sido encontrado dentro de um antigo vaso de mármore branco durante escavações realizadas em Áquila, reino de Nápoles, no ano de 1820, pelos comissionários de artes que acompanhavam o exército francês, após a expedição de Napoleão durante a ocupação francesa do Reino de Nápoles (1806–1815). Entre os comissários, estaria Dominique Vivant Denon (1747-1825), célebre pintor, arqueólogo, escritor e diplomata francês, que teria traduzido e feito uma cópia da placa, já que seu original ficou de posse dos monges cartuxos[1] os quais pediram insistentemente que deixassem a “relíquia” com eles. Foram atendidos como reconhecimento dos inúmeros serviços que prestaram ao exército francês. Então, Denon fez a cópia do mesmo modelo, na qual fez inscrever o texto da sentença. Quando de sua morte, na venda do seu gabinete (o qual possuía inúmeros artefatos antigos), a placa teria sido comprada por certo Lord Howard, por 2890 francos. <br />Vários jornais franceses e europeus publicaram também sobre o tema a partir da matéria do <em>Le Droit</em>.<br /> <br />E texto da sentença de Pilatos à francesa é o que segue[2]:<br /><br />“No ano dezessete do império de Tibério César, a vinte e cinco do mês de março, na Santa Cidade de Jerusalém, Anás e Caifás sendo sumo sacerdotes e sacrificadores do povo de Deus, Pôncio Pilatos, governador da Baixa Galiléia, sentado na cadeira presidencial do pretório, condena Jesus de Nazaré a morrer sobra à cruz, com dois ladrões; os grandes e notórios testemunhos do povo dizem: <br />1º Jesus de Nazaré é sedutor.<br />2º Ele é sedicioso. <br />3º Ele é inimigo da lei; <br />4º Ele se diz falsamente Filho de Deus;<br />5º Ele se diz falsamente Rei de Israel; <br />6º Entrou no Templo, seguido por uma multidão com palmas na mão. <br />Ordena ao primeiro centurião, Quirilus Cornélius, que o conduza ao local de suplício. <br />Fica proibido a qualquer pessoa, pobre ou rica, impedir a morte de Jesus. <br />As testemunhas que firmam a sentença contra Jesus são: <br />O primeiro, Daniel Robian, fariseu. <br />O segundo, Joannas Zorobatel. <br />O terceiro, Rafael Robani. <br />O quarto,Capeto, homem público. <br />Jesus sairá da cidade de Jerusalém pela porta de Struene.”<br /><br />Apesar da grande circulação desta “descoberta” francesa pelos jornais da época e atualmente pela <em>internet</em>, o que poucos sabem é que sua validade foi questionada já desde seus dias. Vejamos:<br />Primeiramente, quando do achado da sentença em 1820, Napoleão estava exilado na ilha de Santa Helena e o exército francês já havia sido expulso do Reino de Nápoles que voltara a estar sob a tutela da Espanha desde 1815. Ou seja, o que tem circulado abundante na <em>internet</em> como fato histórico é marcado por um crasso erro cronológico: como os franceses poderiam ter achado tal artefato em Nápoles em 1820 se neste ano eles não estavam lá?<br />A bem da verdade, algumas obras [3] afirmam que a descoberta se deu quando da breve ocupação francesa da cidade de Nápoles em 1799 pelo general francês Championnet. Seria mais verossímil esta versão.<br />No mesmo ano da publicação da matéria do <em>Droit</em> (1839), François-André Isambert (1792-1857), jurisconsulto francês de conhecimentos enciclopédicos, denunciou a matéria como falsa pelos seguintes motivos:<br />1. As circunstâncias de seu descobrimento são misteriosas: não há relação de quem fez a tradução do hebraico para o francês;<br />2. O texto francês não tem indicativos de uma tradução do hebraico; assemelha-se mais ao texto de um escritor eclesiástico italiano ou outra nacionalidade; <br />3. O texto não está de acordo com o que se sabe das fórmulas da jurisprudência romana;<br />4. E o mais revelador: no catálogo dos itens do gabinete de Denon publicado em 1826, ano seguinte ao da sua morte, não constava o “valioso” item nem a tal compra por Lord Howard. <br /><br />Tais fatos vêm relatados na obra espanhola também de 1839 <em>El panorama</em>. A revista francesa <em>Revue des deux mondes</em> bem como a obra <em>Histoire et ouvrages de Hugues Métel</em> de Agricole Joseph ambos do mesmo ano denunciam erros históricos contidos no texto. A obra <em>L'Ami de la religion </em>denunciava que o secretário de Denon declarou que jamais tinha havido tal placa no seu gabinete. Diz também a mesma obra que não houve a tal compra por Lord Howard.<br />O que teria ocasionado tal notícia? Seria ela fantasiosa? Sensacionalista? Teria havia algum documento que dera origem a notícia. Talvez alguma cópia do documento "achado" ou produzido no século XVI esteve em contato com os franceses. Há uma cópia italiana no Museu Nacional de Nápoles que remonta ao século XVI possivelmente associada àquela descoberta pelos espanhóis. <br />A tal "descoberta" francesa da sentença de Pilatos como noticiada pelo <em>Le Droit</em>, outros jornais da época e atualmente por inúmeros <em>blogs</em> não tem evidências de ser uma fato histórico. E quem assim o acreditar que o prove. <br />Na parte VII desse estudo veremos os erros históricos e bíblicos contidos no texto da Sentença.<br /><br />NOTAS <br /><br />* Na imagem acima D. Vivant Denon por Robert Lefevre (1756-1830). Disponível em: www.pierre-abelard.com/vivant_denon.htm<br /><br />[1] A Ordem dos Cartuxos é uma ordem religiosa católica semi-eremítica fundada em 1084, por São Bruno, em França.<br /><br />[2] Tradução de Joalsemar Araújo. O texto francês pode ser consultado em : http://jdt.bibliotheque.toulouse.fr/images/1839/1839_04_24.pdf e em <em>Histoire et ouvrages de Hugues Métel ... ou Mémoires pour servir à l'histoire ecclésiastique du douzième sièc</em>le Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=eH4EAAAAQAAJ<br />Outra tradução para o portugês pode ser consultada em http://www.mucheroni.hpg.ig.com.br/religiao/96/julgamento.htm<br /><br />[3] <em>Histoire et ouvrages de Hugues Métel ... ou Mémoires pour servir à l'histoire ecclésiastique du douzième siècle de Agricole Joseph</em>, 1839, e <em>El panorama, periódico literario que se publica todos los juéves</em> do mesmo ano.<br /><br /><br />REFERÊNCIAS<br /><br /><em>El panorama, periódico literario que se publica todos los juéves.</em> 1839. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=YAQbAAAAYAAJ<br /><br /><em>Histoire et ouvrages de Hugues Métel ... ou Mémoires pour servir à l'histoire ecclésiastique du douzième siècle</em><br />Por Agricole Joseph F.X.P.E.S.P.A. Fortia d'Urban<br />Publicado por , 1839<br />Original da Oxford University<br />Digitalizado pela 24 out. 2006 http://books.google.com.br/books?id=eH4EAAAAQAAJ<br /><br /><em>L'Ami de la religion</em><br />Publicado por Librairie Ecclésiastique d'adrien le clere et cie, 1839<br />Observações do item: v. 101 (1839)<br />Original da Biblioteca Pública de Nova York<br />Digitalizado pela 27 jul. 2006<br /><br /><em>Critica degli Evangeli</em><br />Por Aurelio Bianchi Giovini<br />Publicado por F. Sanvito, 1862<br />Observações do item: v. 2<br />Original da Universidade da Califórnia<br />Digitalizado pela 11 dez. 2007<br />http://books.google.com.br/books?id=K2BLAAAAIAAJJoalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-12461900333460513182008-10-29T23:41:00.000-02:002008-11-02T13:01:14.306-02:00SENTENÇA DE PILATOS - PARTE V<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCjDiY8NpE-E0xypW9dR19fa12_wamVq_Js15DfAYysvpi_dM85F-Zr-Pd_ZgL5u73tTtEu-yOmG6PrF5mnpI5d78DP6Cbp8DNA28haaMp20GY0a3SyqRSZfqqN-DTLSC94k7He7GROGs/s1600-h/Sentenza_Aquila_Pilato1.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 210px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCjDiY8NpE-E0xypW9dR19fa12_wamVq_Js15DfAYysvpi_dM85F-Zr-Pd_ZgL5u73tTtEu-yOmG6PrF5mnpI5d78DP6Cbp8DNA28haaMp20GY0a3SyqRSZfqqN-DTLSC94k7He7GROGs/s320/Sentenza_Aquila_Pilato1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5263071096872966418" /></a><br /> <br /><strong>O texto da Sentença de Pilatos</strong><br /><br />Como já falado anteriormente, o texto que se encontra no Arquivo Geral de Simancas é uma cópia do século XVI em italiano. Não está em grego, latim ou hebraico. Consta apenas que a notícia de que o suposto original (desaparecido)foi descoberto em hebraico. Segue o texto:<br /><br />"Sentenzia che diede Pilato contra Cristo nostro Signore -<br /><br />Copia de la sentenzia che diede Pilato contra cristo nostro signore ritrovata nela cita de Laquila inoabruzo, de lanno 1580 in Certte antiquita di marmori dove si trovorno doi Cassete, una di ferro, nela quale vi era una carta bregamina et selcrito in littre ebreia Che se in terpetato deliu fraschritto tenore:<br /><br />Lanno 17º de tiberio Cesare Enperador romano et di tutto il mondo monarcha in vittisimo et nelle olimpiade 121 et nelle Chiade 24 et nella Creiacione del Mondo secondo il numero e compartimento deli ebrei quattro volte 1147 dela propaggine del romano Inperio lanno 73 et de la liberacione dela servitu de la Babilonia lanno 430 et dela restitutucione del saqro inperio lanno 497 sotto li conzoli del pontechie Romano lucio pisano et marzio silaurico pro cunzoli delo in vocio valerio palestino plubico governadore de giudeia quinto flavio sotto il riggimento et governo dela Cita Jerosalem presidente gratissimo pocio pilato reggente dela bassa galilea herodiade anti patrircha et pontifice del sommo sacerdocio anna et caifas: alesmael mastro del tempio Rabaham ambel: irachino Centurione de conzoli et de la Cita di Jerosale quinto Cornelio Sublemio et sesto ponpilio Ruffo nel mese de Marzo sotto il di 25.<br /><br />Yo Ponzio pilato aqui presidente de linpero romano dentro al palazo de larchiresidenza giudico connanno sentenzio a la mortte Jesu chiamato Christo Nazareno de la turba de patria galilea homo sedicioso dela legge Mosaica Contra lo magnio inperador tiberio Cesare ditermeno et pronunzio per questo che la morte sua sia nella Coroce con chiodi a hosanza di rei per che qui Congregatosi molti homini richi et poveri non ha cessato di conmovere tumulto per tutta la galilea facendosi figliolo de iddio Rre de israel con minaciar la roina di Jerosalem e del saqro inperio con dinegare lo tributo a Cesare doversi, et averio ancora auto ardire de intrare con palme e triunfo e conpaquiato da la turba como Rre dentro de la Cita di ierosalem nel sacro tempio, onde comando al mio Centurione quinto Cornelio conduca publicamente por la Cita di ierosalem esso iesu Christo ligato e flaggelato di porpora vestito e coronato di pondente spine, con la propia Croce ne li omeri accio sia esenpio a tutti li mali fattori e con lui voglio siano condotti doi ladroni homicidi et uscirano per la porta giancarola ora detta antoniana conduca seco giesu al plubico monte di scelirati chiamato Calvario dove crucifisso e morto il corpo resti su la Croce come spettacolo di tutti li malvaggi et su la Croce sia posto il titolo in tre linguaggi ebreo greco et latino Ebreo iesu aloi chisidin - Greco iesus nazareno - Latino iesus nazarenus Rex iudeoro.<br /><br />Comandamo ancora che nesciuno de qual si voglia stato sosia ardischa temerariamente inpedire tal giusticia per noi comandata administrata et esiguita con ogni rigore secondo li decreti e legge del Romani come ebrei sotto pena de Rebelione alinpero Romano.<br /><br />Testimoni di questa nostra sentenzia li dodeci tribui de Israel: Ravan-Daniel - Rabani II - Joan - Barbosisabet - Preticlani.<br />Per il sommo sacerdocio Raban - Judas - Boncasato.<br />Per li farisei Rolian - Simon - Daniel.<br />Raban - Mordogin - Boncortassitis.<br />Per linperio et presidente di roma: lucio sextilio amostro Silio.<br />Notari di questa publica Criminali per li libri: Nastan - Restena<br /><br /><strong>Tradução</strong><br /><br />Sentença que deu Pilatos contra Cristo nosso Senhor -[1]<br /><br />Cópia da sentença que deu Pilatos contra Cristo nosso Senhor descoberta na cidade de L’Áquila em Abruzzo no ano de 1580 em certa antiguidade de mármore onde se encontrava duas caixas, uma de ferro, na qual estava uma carta em pergaminho e escrita em hebraico que se traduziu a partir do contido:<br />No ano 17º de Tibério César, imperador romano e de todo o mundo, monarca invencível; na Olimpíada, 121; na Chiade, 24; na Criação do mundo segundo os números e cálculos dos Hebreus, quatro vezes 1147; da propagação do Império Romano, 73; da libertação da escravidão da Babilônia, 430; e da restituição do sacro império, ano 497 sob o consulado do pontífice romano de Lúcio Pisano e Márcio S[?]aurico, procônsul do conselho Valério Palestino; público Governador da Judéia Quinto Flávio sob o regimento e governo de Jerusalém, Presidente Gratíssimo Pôncio Pilatos, regente da baixa Galiléia, e Herodíade [Herodes] Antipatriarca [Antipas] e pontífices do Sumo Sacerdócio Anás e Caifás; Alesmael, mestre do Templo; Rabaham Ambel; Irachino, centurião dos cônsules romanos e da cidade na Cidade de Jerusalém, Quinto Cornélio Sublime e Sexto Ponfílio Rufo; no mês de março sob o dia vinte e cinco. <br />Eu, Pôncio Pilatos, aqui Presidente Romano dentro do Palácio da Arquipresidência, julgo, condeno e sentencio à morte a Jesus chamado Cristo Nazareno pela plebe, e de pátria galiléia, homem sedicioso da Lei Mosaica, contrário ao grande Imperador Tibério César, determino e pronuncio pela presente que sua morte seja na cruz com cravos como se usa com os réus; porque aqui congregando muitos homens ricos e pobres não tem cessado de promover tumulto por toda a Galiléia fazendo-se filho de Deus e Rei de Israel e também de ameaçar a ruína de Jerusalém e do sacro Império, negando o tributo a César, deveres e haveres; e tendo ainda o atrevimento de entrar com palmas e triunfo, aclamado da plebe como rei dentro da Cidade de Jerusalém no Sagrado templo; onde comando ao meu Centurião Quinto Cornélio que conduza publicamente pela cidade de Jerusalém esse Jesus Cristo, preso e flagelado; de púrpura vestido e coroado com alguns espinhos, com a própria Cruz nos ombros para que seja exemplo a todos os malfeitores e com ele que sejam levados dois ladrões homicidas, e sairão pela Porta Giancarola, agora Antoniana, e que leve Jesus ao monte público dos celerados chamado Calvário, onde crucificado e morto, fique seu corpo pendurado na cruz como espetáculo para todos os malvados e sobre a cruz seja colocado o título em três línguas: hebraico, grego e latim. Hebraico: iesu aloi chisidin; grego: iesus nazareno; latim: iesus nazarenus Rex iudeoro. <br />Ordenamos que ninguém de qualquer estado ou qualificação atreva-se temerariamente a impedir a justiça por nós ordenada, administrada e executada com todo o rigor segundo os decretos e Leis Romanas e Hebréias sob pena de rebelião ao Império Romano.<br />Testemunhos desta nossa Sentença pelas as 12 tribos de Israel:<br />Ravan-Daniel - Rabani <br />2º Joan - Barbosisabet - Preticlani.<br />Pelo sumo sacerdócio: Raban - Judas - Boncasato.<br />Pelos fariseus: Rolian - Simon - Daniel.<br />Raban - Mordogin - Boncortassitis.<br />Pelo Império e presidente de roma: Lucio Sextilio - Amostro Silio.<br />Notários dos livros da presente publicação criminal: Nastan Restena<br /><br /> Abaixo segue a tradução para o português do texto espanhol do século XVIII contido no livro <em>Libro de varias noticias y apuntaciones </em>de D. N. Guerra,bispo de Segóvia. O texto em espanhol não é uma tradução <em>ipsis litteris</em> do texto italiano,mas traduz bem o teor central da sentença. Esse texto em portugês traduzido do espanhol, e não a tradução direta a partir do texto em italiano (aliás, italiano do século XVI), é uma das versões que mais circula na <em>internet</em> e traduz muito aproximadamente o texto italiano.<br /><br />"Cópia da sentença dada por Pôncio Pilatos, governador da Judéia no ano 18 (sic) de Tibério César, Imperador de Roma. Encontrada na cidade de Aquila, no reino de Nápoles. <br /><br />Sentenciou Jesus Cristo, Filho de Deus e da Virgem Maria, à morte na cruz, no meio de dois ladrões, no dia 25 de Março. Achada milagrosamente dentro de uma belíssima pedra, na qual estavam duas caixinhas: uma, de ferro, tinha dentro dela outra de finíssimo marfim, onde estava a sentença, em letra hebraica, em pergaminho, do seguinte teor: <br />"No ano XVIII de Tibério César, imperador romano e de todo o mundo, Monarca Invencível na Olimpíada c.xxi, na Clíade xxiv e na Criação do Mundo, segundo os números e cálculos dos Hebreus, quatro vezes m.c.Ixxxvii, e da propagação do Império Romano l.xxiii, da libertação da escravidão da Babilônia m.cc.xi, sendo Cônsules do Povo Romano Lúcio Pisano e Maurício Pisarico; Procônsules Lúcio Balesma, público Governador da Judéia, e Quinto Flávio, sob o regimento e Governo de Jerusalém, Governador gratíssimo Pôncio Pilatos, regente da baixa Galiléia, e Herodes Antipas, Pontífices do Sumo Sacerdote Anás, Alit Almael o Mago do Templo, Roboan Ancabel, Franchino Centurião, e Cônsules Romanos e da Cidade de Jerusalém Quinto Cornélio Sublima e Sexto Pontílio Rufo; no dia xxv do mês de Março. "EU, Pôncio Pilatos, aqui Presidente Romano dentro do Palácio da Arquipresidência, julgo, condeno e sentencio à morte a Jesus chamado pela plebe Cristo Nazareno, e de pátria Galiléia, homem sedicioso de Lei Mosaica, contrário ao grande Imperador Tibério César; e determino, e pronuncio, pela presente, que sua morte seja na cruz, e pregado com cravos como se usa com os réus, porque aqui congregando e juntando muitos homens ricos e pobres não parou de causar tumultos por toda a Judéia, fazendo-se filho de Deus e Rei de Jerusalém, ameaçando trazer a ruína para esta Cidade, e para seu Sagrado Templo, negando o tributo a César, e tendo ainda tido o atrevimento de entrar com palmas, em triunfo, e com parte da plebe, na Cidade de Jerusalém e no Sagrado Templo. E ordeno que meu primeiro Centurião Quinto Cornélio leve publicamente Jesus Cristo pela cidade, amarrado e açoitado, e que seja vestido de púrpura e coroado com alguns espinhos, com a própria Cruz nos ombros para que seja exemplo a todos os malfeitores; e com ele que sejam levados dois ladrões homicidas, e sairão pela Porta Sagrada, agora Antoniana, e que leve Jesus ao monte público da Justiça chamado Calvário, onde crucificado e morto fique o corpo na Cruz, como espectáculo para todos os malvados; e que sobre a Cruz seja colocado o título em três idiomas, e em todos três (Hebraico, Grego e Latim) diga: <br />IESUS NAZAR. REX IUDAEORUM. <br />"Da mesma maneira, ordenamos que ninguém de qualquer estado ou qualificação atreva-se temerariamente a impedir tal Justiça por mim ordenada, administrada e executada com todo o rigor segundo os decretos e Leis Romanas e Hebréias, sob pena de rebelião ao Império Romano Testemunhos da Sentença: pelas 12 tribos de Israel, Rabain Daniel, Rabain seg.12, Joannin Bonicar, Barbasu, Sabi Potuculam. Pelos Fariseus, Búlio, Simeão, Ronol, Rabini, Mondagul, Boncurfosu. Pelo Sumo Sacerdócio, Rabban, Nidos, Boncasado, <br />Notários desta publicação; pelos Hebreus, Nitanbarta; Pelo Julgamento, e pelo Presidente de Roma Lúcio Sextilio, Amásio Chlio." [1]<br /><br />Vê-se claramente que, embora substancialmente os textos digam a mesma coisa, há divergências em pormenores, anos e nomes. O mesmo se dá com a variante francesa e as inúmeras versões que pululam na <em>internet</em>. <br />Na parte VI de nosso estudo falaremos da descoberta francesa do texto da sentença.<br /><br />NOTAS<br /><br />* Na fota acima: cópia do manuscrito da em italiano da Sentença de Pilatos. Disponível em: http://www.ilcapoluogo.com/news.php?item.5.1<br /><br />[1] Feita por Joalsemar dos Reis Araújo a partir do texto italiano transcrito na obra <em>Los Evangelios Apócrifos </em>de AuRélio de Santos Otero, páginas 533-535.<br /><br />[2]Disponível em http://www.astrologosastrologia.com.pt/gnosticismo&apocrifos=epistola+pilatos.htm<br /><br />REFERÊNCIA<br />Otero, Aurélio de Santos. <em>Los Evangelios Apócrifos</em>. Madrid: Editorial Católica,1963.Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7012439954325386849.post-13607503810883427142008-10-29T23:17:00.000-02:002008-11-04T20:47:25.611-02:00SENTENÇA DE PILATOS - PARTE IV<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2Z74nxMrrh7P8dHyLfpylUdvUBTyxldA3vcE93T9KHG_cZtz__TPe2uweU1xJSAuRgQFgvrv7MA3KxdZX9p2OgK9MNTlF15gcX68pE0ttDA90hpqRdkpo_zi5K4QMc8Wd4uslJR2fOb4/s1600-h/Simancas.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 175px; height: 171px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2Z74nxMrrh7P8dHyLfpylUdvUBTyxldA3vcE93T9KHG_cZtz__TPe2uweU1xJSAuRgQFgvrv7MA3KxdZX9p2OgK9MNTlF15gcX68pE0ttDA90hpqRdkpo_zi5K4QMc8Wd4uslJR2fOb4/s320/Simancas.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5262753318851789602" /></a><br /><strong>Uma sentença, várias versões: a história da cópia do Arquivo de Simancas </strong><br /><br />Os textos da <em>Sentença de Pilatos </em>que circulam na <em>internet</em> têm basicamente duas versões. Uma diz que a Sentença foi descoberta por espanhóis em 1580 na cidade de Áquila no então reino de Nápoles e que existe uma cópia autêntica da Sentença no Arquivo Geral de Simancas na Espanha. A outra versão afirma que a Sentença foi descoberta numa campanha francesa na mesma localidade, porém em 1820. O original ficou na Itália e a cópia traduzida foi para a França. Assim, o texto da Sentença tem duas versões em português na <em>internet</em>: uma versão traduzida do espanhol e outra do francês e percebe-se a diferença principalmente no tamanho do texto e no nome dos supostos líderes judeus que assinaram o documento. Veremos nesta parte a história do documento da versão espanhola.<br /> Em princípios do século XVI, surgiu uma história de que a sentença de Jesus escrita em latim (hebraico, de acordo com algumas versões) tinha sido descoberta em uma caixa em Vienne, Sul de França (já vimos na parte II dessa pesquisa que esta cidade está ligada às lendas de Pilatos). Décadas depois a sentença é novamente descoberta em Áquila, no Reino de Nápoles (Itália), cidade próxima à antiga cidade romana de Amiternum tida como lugar de nascimento de Pôncio Pilatos.<br /> Em 1580, soldados espanhóis[1] descobriram num templo antigo (outra versão diz cemitério), em um muro arruinado, uma placa de cobre delimitada por três caixas (uma de pedra; dentro dela uma de ferro e nesta uma de marfim); os soldados pensaram trata-se de um tesouro devido a tal revestimento. Porém, sua preciosidade era um documento em hebraico que traduzido descobriu-se ser o texto da sentença de Pilatos condenando Jesus. Várias cópias foram feitas da tradução (em italiano) e espalharam-se pela Europa, mas não sem o protesto de muitos eruditos que já a denunciavam como uma obra apócrifa ou mesmo uma farsa. <br />Em 1581 é publicado um manuscrito francês com a cópia da sentença trazendo o seguinte título:<br /> <em>“Tesoro ammirevole della sentenza pronunciata da Ponzio Pilato contro Nostro Signore Gesù Cristo rinvenuta miracolosamente scritta su pergamena in caratteri ebraici dentro un vaso di marmo, racchiuso in due o tre vasi di ferro e di pietra, nella città di Aquila nel Reame di Napoli, verso la fine dell’anno 1580. Tradotta dall’italiano al francese, sia per la pubblica utilità e l’esaltazione della nostra santa fede, che per la lode della detta città”.</em> [2]<br />O documento ensejou durante dois séculos calorosa discussão na Europa em torno de sua autenticidade, pois alguns achavam tratar-se de uma farsa produzida pelos estudantes de Áquila e outros defendiam a autenticidade do pergaminho. <br />O documento original perdeu-se; parece ter ficado na igreja de São Bernardino de Siena até 1581 a partir de quando não se tem mais notícia do mesmo. Possivelmente foi enviado ao rei da Espanha, Filipe II, mas não se tem notícias desse original.<br />Atualmente só existem cópias da época do descobrimento do documento. Uma delas, que está na posse do Aurélio de Santis, estudioso da questão e autor do livro <em>La Sentenza do Pilato</em>, pertenceu inicialmente à biblioteca provincial de Áquila, terra da descoberta; outra está no Museu Nacional de Nápoles; uma outra foi enviada a Filipe II e se encontra atualmente no Arquivo Geral de Simancas (Valladolid, Espanha), onde foi catalogada com o número 847 na seção de Secretaria de Estado.<br /> No século XIX, a Sentença voltaria a perturbar as mentes européias sendo que desta vez a partir da França. Veremos tal questão na parte VI de nosso estudo.<br /> Em 1921, o jornal espanhol ABC publicou uma matéria com a tradução aproximada da Sentença do italiano para o espanhol. A cópia da matéria pode ser lida em: http://www.galeon.com/archivosemanasanta/sentencia.htm.<br /> Essa matéria, infelizmente, foi mal interpretada por alguns textos na <em>internet</em>, o que levou a crença de que no Arquivo Geral de Simancas existe o texto original da Sentença de Pilatos. O que existe no Arquivo de Simancas é uma cópia em italiano cujo texto aparece na parte V desta pesquisa. <br /><br /><br />NOTAS<br /><br />* Na foto acima o Arquivo Geral de Simancas em Valladolid, Espanha. Disponível em:adigital.pntic.mec.es/.../historia.htm<br /><br />[1] Nesta época o Reino de Nápoles estava sob domínio do Reino da Espanha.<br />[2] Disponível em:http://www.ilcapoluogo.com/news.php?item.5.1<br /><br />REFERÊNCIAS<br /><br />Cautilli ,P. Ceccarelli, L. <em>Ponzio Pilato e i rotoli di Amiternum</em>. Artigo disponível em: http://www.ilcapoluogo.com/news.php?item.5.1<br /><br />Otero, Aurélio de Santos. <em>Los Evangelios Apócrifos</em>. Madrid: Editorial Católica,1963.<br /><br />Tvedtnes , John A. <em>Hiding Records in Boxes</em>. Disponível em: http://ispart.byu.edu/publications/books/?bookid=9&chapid=75Joalsemar Araújohttp://www.blogger.com/profile/06256842950889879188noreply@blogger.com0